" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DEUS: UMA INCÓGNITA!


Certa vez uma amiga me disse: “sinto que falta Deus na sua vida, mas respeito suas escolhas.” Ao que respondi: “também respeito essa necessidade de Deus que você possui.”

E a conversa parou por ai, uma vez que DEUS não é assunto para se prolongar muito. É como falar de política ou futebol. Os argumentos, em sua grande maioria, já estão arraigados até à alma (Ânima), então não há como manter um diálogo por tempo muito extenso, sob pena de perdermos até a amizade. Não é à toa que há aquele ditado popular que recomenda jamais discutir sobre política, futebol e religião.

Infelizmente, filósofos não conseguem aceitar recomendações populares tão “sábias” e confesso que já perdi algumas ‘amizades’ por conta de não ter seguido à risca tal preceito.

Em Outubro deste ano, no curso de Filosofia do qual sou aluna, um professor de FILOSOFIA E PSICANÁLISE argumentou com uma lógica aristotélica, refutando veementemente a existência de DEUS e conseguiu provar de forma lógica e racional que DEUS não passa de uma necessidade de eternidade que o ser humano carrega. Necessidade esta em virtude da imaturidade e vontade de ser provido sempre por um tutor – alguém ou algo para gerenciar a Vida e o Mundo – uma vez que a maior parte das pessoas não se sente plenamente CAPAZ e DESENVOLVIDA pessoal, social e ‘espiritualmente’ para tal empreitada. Então, a imensa maioria NECESSITA um GRANDE PAI protetor, justo e misericordioso para, de alguma forma, manter a estabilidade nas relações em sociedade e do Ser com ele mesmo.

Sei que com este post estou literalmente batendo com um pedaço de pau em casa de marimbondo, abelhas, vespas ou em algo até pior, como os fanáticos religiosos. Mas é minha missão, não posso fugir dela. Nasci filósofa, vou morrer filósofa. Morte matada ou morte morrida, não posso precisar ainda, mas morrerei filósofa, isso é fato consumado.

Demorei tanto tempo pra conseguir me enquadrar em uma “profissão” e estava bem no meu nariz o tempo todo. Como disse Quintana em uns versos bastante sugestivos acerca da busca da felicidade:

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Pois bem. Depois de demorar quase duas décadas até finalmente encontrar os óculos na ponta do meu nariz, não posso simplesmente ignorá-los ou inadvertidamente quebrá-los só para não causar constrangimento à sociedade ao levantar questões que considero pertinentes serem discutidas e averiguadas pelo bem da VERDADE. Sócrates, o maior Filósofo de todos os tempos – e bota tempo nisso – já dizia que a suprema felicidade ( ou virtude - arité -) está na verdadeira sabedoria e esta só pode ser alcançada mediante o crivo da razão.

Sim, sei que hoje com toda essa conversa de “inteligência emocional”, a razão vem cada vez mais sendo colocada em xeque. Mas ainda não é XEQUE MATE. Então, enquanto essas questões não forem cabalmente resolvidas e elucidadas, cabe a nós, Filósofos, poetas, escritores ou meros estudiosos e curiosos da condição humana procurar os questionamentos que nos deixem mais próximos do Saber e da Verdade.

Como também disse Quintana em sua genialidade acerca Das Indagações:

A resposta certa, não importa nada:
o essencial é que as perguntas estejam certas.

Decerto muitos de vocês devem ter percebido que, de certa forma, evitei esmiuçar um pouco mais as indagações sobre a existência de Deus com as quais iniciei este artigo. Mas foi proposital. Primeiro, porque quero lançar (por enquanto) apenas a dúvida e a inquietação para que cada indivíduo, cada um em seu tempo, busque as suas perguntas. E segundo e mais importante motivo: não quero perder amigos. Chega. Os bons amigos que tive já se foram: Casaram, mudaram-se e estão tocando suas vidas com bastante temor a Deus, diga-se de passagem. E os maus amigos mandei passear. Quem sabe encontrem a luz no fim do túnel. E nem precisa ser o trem, não sou tão perversa assim. Não por temor a Deus, que nem sinto a necessidade de que realmente exista ( mas se for levar a discussão para o que realmente existe, esse post ficará interminável). Melhor parar por aqui. Depois continuamos essa e outras discussões.

E sem perder bons amigos, por favor.


Lou Albergaria


Desse pedaço de fragmento
eu me amplio
Redefino minha rota
Autopiedade não conduz à saciedade.
Deus não é necessariamente parada obrigatória.
Eu me abasteço de Deus, se quiser.
Ou outro similar qualquer:
Filosofia, Poesia, Amigos,
Pôr-do-Sol
Beijo de Filha, Afeto de Mãe
Homem ou Mulher, Sim ou Não.
A Morte é só um livre-trânsito do Múltiplo arbítrio.
O Ser sem autoflagelação;
Mesmo porque
Eu não me auto-penitencio,
Eu me auto-ejaculo!
Em Tempo: Não tenho nada contra Deus; se Ele existir tanto melhor.

6 comentários:

  1. Lou,
    Não tem nada que temer, as suas questões são as questões de todos ou quase todos. É que mesmo as pessoas de fé se questionam, e isso só as completa.
    Dito isto, não vou argumentar acerca da existência de Deus. Isso é uma questão muito pessoal, e a minha verdade vale o que vale, ao sair de mim tem a mesma validade da dos outros.

    beijo :)

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  2. Minha querida

    A vida é feita de perguntas...quando não as fizermos, estamos mortas.
    uma reflexão muito pertinente.

    deixo um beijinho
    Sonhadora

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  3. Ah, querida... sobre esse assunto, ando divagando... bem etérea... sem muito o que dizer... quem sabe um dia me encontro nesse grande Ser.

    =)

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  4. Lanna, seu artigo é perfeito pois, nos mostra o seu ponto de vista. Para mim, o caminho ainda é longo para me entender em Zaratustra, contudo a mortalha da religião ainda não me coube; sou um intermédio entre o 'Acaso' e o 'Maktub'.
    Um beijo!

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  5. Caracas!! Você também consegue encher meus olhos de coisas lindas entrando aqui em seu espaço... Beijos

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  6. E você, Lou, existe em si mesma ou pensa que a sua existência é apenas um ramo perdido de alguma árvore queimada durante as passagens de todas as as alvoradas dos tempos?

    Pergunta de um filósofo para outra filósofa.

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