" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS


“Shoppings” atulhados
Até por quem não acredita na Fábula.
Homens, mulheres e crianças
dentro de um Shopping Center qualquer
Apinhado de gente e produtos à venda.
Um formigueiro de pessoas
Sem a organização da sociedade das formigas.

Somos a Sociedade dos Poetas Mortos
Todos não lidos
Não amados
Não Sentidos.

Tudo agora é Conceito.
Abstrato/Concreto
Dialética do pesadelo
O erro mais certo.

Um amontoado de gente sem rumo,
Sem casa, sem lar, sem afeto.

O abrigo longínquo da alma oculta
Pelo semáforo
Atravessa o sinal vermelho

Mata-se.

A Vida vale muito menos que os arranhões no pára-choque importado.
Não importa, O seguro cobre...

Daqui dois dias chegam os faróis novos
Isso, sim, importa.
-Não quero passar o Reveillon de carro arruinado.

E a Vida do sujeito?!!!

-Que merda! O DVD portátil também estragou



Lou Albergaria

in Pessoas e Esquinas

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SABER LER ALÉM DO "ENTRE AS LINHAS"


Você sabe o que é analfabeto funcional?

A Wikipedia diz o seguinte:

“Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos (...)

Segundo dados de 2005 do IBOPE, no Brasil, o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Somados esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura e da escrita e das operações matemáticas.”

Li esse dado alarmante hoje no FOLHA ON LINE no blog do Colunista ANDRÉ BARCINSKI.

A partir dessa constatação pude compreender muitas coisas realmente 'sinistras' que ocorrem em meus blogs. Muitas vezes, pessoas deixam comentários que absolutamente não apresentam a menor correspondência com o que foi escrito e postado. Chega a ser até muito engraçado, às vezes. (Aquele velhíssimo ditado: "rir para não chorar".)

Outro dia mesmo, acho que semana passada, postei um ensaio que não fazia em nenhum momento qualquer alusão ao preconceito, seja ele de que espécie for; e o primeiro comentário foi alguém refutando com veemência o preconceito, sendo que a "espinha dorsal" do texto era absolutamente outro. Mas isso não foi o mais engraçado, digo, trágico. O que me deixou mais "indignada" foi o segundo comentário que também repugnava brava e heroicamente o preconceito o que me fez crer que tal pessoa nem sequer leu o post. Apenas, a partir do que foi expressado no primeiro comentário, fez o seu.

Entretanto, pode ter acontecido o pior. Tal pessoa leu o texto, às vezes até com atenção, nunca se sabe, milagres também podem ocorrer na blogosfera (por que não?), mas simplesmente "compreendeu" tudo meio atravancado mesmo e enxergou "preconceito" nas entrelinhas, ou o mais triste, entre as linhas.

Essa questão de analfabetismo funcional é bastante sério. Levamos muitas vezes pelo lado da brincadeira, como estou fazendo agora, mas seria bom refletirmos sobre isso, uma vez que as pessoas que dispõem de computadores em casa para poderem manter um blog em atividade constante é no mínimo de classe média. E essa pessoa que, em princípio, denota ter um pouco mais de condições financeiras para obter informação e conhecimento e, ainda assim, não alcança o sentido literal de um texto e, tampouco, consegue interpretá-lo, indo buscar compreensão nas entrelinhas; imaginem, então, alguém que pertence a um estrato social menos favorecido?

É um dado bastante significativo, sim, e muito preocupante. Um país que atualmente é considerado a nona maior economia do Mundo e seus governantes almejam colocá-lo no chamado G-5 - bloco dos cinco países mais desenvolvidos do planeta. Então, há de se pensar - e muito - em investimentos em EDUCAÇÃO.

Assistir ao Mundo por uma tela de "trocentas" polegadas sem compreender, poder interpretar, e mais do que isso, sem conseguir analisar o que se está assistindo, no mínimo, é uma absurda ignorância. Não apenas no sentido do não conhecimento, mas também no sentido da ingenuidade. A falta de conhecimento e discernimento leva-nos a condições sociais, políticas e culturais de absoluta mediocridade, ainda que a ECONOMIA esteja em evolução. Os regimes ditatorias são um bom exemplo disso. Quanto menos conhecimento maior subserviente é a população de um país e mais facilmente engolem os dogmas goela abaixo. (Evito sempre empregar a palavra POVO, pois ideologicamente é uma das mais utilizadas como forma de manipulação. Não é por acaso que quase 100% dos políticos a empregam largamente. Passem a observar isso. Essa compreensão vem do conhecimento adquirido ao longo de minha vida acadêmica e gosto de dividir isso com todos.)

Sou daquelas raras pessoas que efetivamente gostam de dividir o conhecimento adquirido ao longo da vida. Conheço inúmeros 'doutores' que sentem fascinação em reter o conhecimento, talvez para se sentirem "melhores" que os outros, talvez por medo da concorrência, sei lá, o que se passa pelas cabeças e espíritos mesquinhos dessas pessoas.

Alcançar a sabedoria é antes de qualquer coisa, ao meu ver, um ato de bravura. Conseguir romper com velhos estigmas, padrões e dogmas que nos impõem, até mesmo, antes do nascimento, quando ainda estamos no útero de nossas mães, e já nos obrigam a tomar sulfato ferroso com ideologias arcaicas para assim que nascermos já estarmos plenamente controlados e amansados feito um bom 'animal doméstico' é preciso muita coragem.

Afirmo a vocês, humildemente, pois sou consciente de minhas limitações, que meu grande e genuíno "sonho de consumo" é instigar as pessoas a arrancarem essa coleira que muitos ostentam como um colar de brilhantes. E ainda se ajoelham e agradecem por a estarem usando.

De forma alguma, com essa crônica, coloco-me em um patamar mais elevado em relação às demais pessoas. Costumo dizer sempre que o que não sei suplanta em muito o que sei. Entretanto, apresento um requisito que considero fundamental para se alcançar a sabedoria (que não possuo e talvez nunca venha a possuir), mas pelo menos tenho a coragem, mente e espírito abertos para DUVIDAR do que sempre querem nos impor. Pensem sobre isso. Já é um passo. Duvidar é começar a subir o primeiro degrau em busca da verdadeira sabedoria.


Lou Albergaria


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Meus queridos Leitores,
não precisam ter medo de comentar. Não sou tão crítica assim. Também encontro-me no 'mesmo barco' de todos vocês - o humano mortal. A única diferença é que eu tenho a CORAGEM de encarar o bicho de frente e gritar: SÓ SEI QUE NADA SEI. E seguir em frente rumo à morte que o destino de todos nós, só isso. Quanto ao resto, estamos na mesma 'barcaça'....
BEIJOS,
Lu
Em tempo: Sei que meu texto filosófico, muitas vezes, parece arrogante. Infelizmente, é o mal de todo Filósofo. Quando leio NIETZSCHE, por exemplo, tenho vontade de dar um soco na cara dele, apesar de concordar com quase tudo que ele escreve. Mas ele escreve de modo bem arrogante, como todos os outros. Acho que isso ocorre também por conta da empolgação.
Imaginem: você passa uma vida inteira dentro de uma CAVERNA, aí finalmente você toma coragem e sai dela e então ENXERGA "tudo" que antes estava aprisinado em séculos de trevas nos escombros da humanidade. Por conta disso, é muito empolgante mesmo e a gente acaba escrevendo com mais ênfase e parece que estamos GRITANDO. Na verdade, estamos mesmo gritando, mas é por uma boa causa, acreditem. Não queremos ver o ser humano se degradando tanto o tempo todo.
Os últimos acontecimentos no Rio de Jnaeiro só corroboram para o que estou escrevendo aqui.
Peço desculpas, se muitas vezes, escrevo de forma arrogante, mas é porque SONHO e ALMEJO a UNICIDADE. O dia em que todos Nós - humanos e Natureza - seremos uma grande nação de fraternidade e amor, sem algemas ou coleiras, mas por livre consciência.

domingo, 28 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE: O INIMIGO É OUTRO OU SOMOS NÓS MESMOS?


O POST HOJE É NO NOSTÁLGICO ALLSTAR VERMELHO.
Estabeleço um paralelo entre os filmes TROPA DE ELITE 1 e 2 com os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro - a INVASÃO DOS POLICIAIS À VILA CRUZEIRO -.
ACESSEM O LINK ABAIXO:

http://nostalgico-allstar-vermelho.blogspot.com/2010/11/tropa-de-elite-o-inimigo-e-outro-ou.html

Lou Albergaria

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A BOSTA É POP!


Minha poesia não é pra ser recitada em
Saraus ou Academias de Letras.
É pra ser lida, sentida
No fundo do estômago
No útero, no saco escrotal.
Minha poesia vem das ruas
Avenidas encardidas
Lamacentas
Limo, excrementos
Vômitos esverdeados
De quem tem sede de vida.
Minha poesia não é de métrica
Nem rima rica
A pobreza define e alimenta os versos
Tão indigestos que
Dão azia, caganeira
Larica.
Minha poesia é kirsh
Sem cores de Almodóvar
Tudo em preto e branco
Cadelas e cachorros não enxergam colorido.
Minha poesia é pop.
A Bosta é pop!
Todo mundo faz e
Cada qual a sua maneira.
Mais dura ou mais mole
Depende do que se comeu na véspera.
Minha poesia pode ser diluída
Na cerveja, na cachaça
Na garapa vendida na feira e
Mais dois pastéis
bem grandes
que possam caber perplexidade
e espanto.
Minha poesia está sempre indignada
Aterrorizada
Por tanta genialidade óbvia
Que só vive de conceito
Na pia batismal
Sacramentando o egoísmo e a sordidez;
O olhar míngua ao dar nome
ao próprio umbigo.
Minha poesia está sempre de olhos arregalados
Sem dormir a canção de Drummond
Que Me fez acordar para sempre.
Só a criança em Mim dorme
Porque há mais de um século está morta.
Minha poesia é feita do lixo!
Faz desmoronar o planeta insustentável
Empobrecido pelo ser humano
E seu medo de amar.

Meu poema é o dejeto que não se recicla!



Lou Albergaria
in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
OUÇA NA VOZ DE SAULO TAVEIRA:

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O LOBO É O HOMEM DO LOBO


Vida esponjosa
manancial úmida
goteja sólida
selvagem natureza.
O lobo engole o homem
sentida angústia
digere aos gritos o que o sofrimento cala;
no vômito, encontro poucas certezas
quem sou diluiu-se no estômago ácido.

O radar avisa:
Limite de velocidade na próxima curva
-Não posso! Preciso continuar fugindo...
Acabei de atropelar a criança que um dia fui.

O melhor de mim hoje morreu.
Lou Albergaria
in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
Entrevista com FERREIRA GULLAR por Carmen Presotto do VIDRÁGUAS (http://www.vidraguas.com.br/) sobre a POESIA...



A poesia é simplesmente o silêncio que grita tanto em mim
que por isso não me deixa calar, nem adormecer...

Lou Albergaria

domingo, 14 de novembro de 2010

O ALGOZ


O Universo se expande
O ser humano se comprime
Casto e puro
Forasteiro Acorrentado
Desejo de Poder.
Ferido, acuado,
Banido de si mesmo
Seu algoz sanguinário
Nesse momento
Dentro do automóvel
Contínuo movimento
Desesperado barulho
Entre dentes Sem saber
a direção dos ventos
Nem o rumo dos Mundos
Varrendo asfaltos com seu desamparo
Em festas calibradas sorrisos forjados
Fluoxetina, ouro e pó...
Tão triste, tão pequeno, tão só.


Lou Albergaria

in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
Em tempo: Clique na imagem para ler com mais nitidez.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PÓLEN


Queria tanto que o poema
descolasse dessa velha retina
tão cansada de não mais querer ver
o que a alma nem esconde.
Um descampado estéril e fétido
por onde sementes
colibris espalham
na ausência de vento
o pólen jamais fecundado
mas por muito tempo ainda desejado
entre a promessa do ontem
que não se cumpriu
e a esperada derrota
que amanhã tão tarde me aguarda.

Lou Albergaria


***

Que bom poder reencontrar a poesia após tantos dias nebulosos.
Poesia... a minha nóia. Sem ela, mais sensato é morrer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DEUS: UMA INCÓGNITA!


Certa vez uma amiga me disse: “sinto que falta Deus na sua vida, mas respeito suas escolhas.” Ao que respondi: “também respeito essa necessidade de Deus que você possui.”

E a conversa parou por ai, uma vez que DEUS não é assunto para se prolongar muito. É como falar de política ou futebol. Os argumentos, em sua grande maioria, já estão arraigados até à alma (Ânima), então não há como manter um diálogo por tempo muito extenso, sob pena de perdermos até a amizade. Não é à toa que há aquele ditado popular que recomenda jamais discutir sobre política, futebol e religião.

Infelizmente, filósofos não conseguem aceitar recomendações populares tão “sábias” e confesso que já perdi algumas ‘amizades’ por conta de não ter seguido à risca tal preceito.

Em Outubro deste ano, no curso de Filosofia do qual sou aluna, um professor de FILOSOFIA E PSICANÁLISE argumentou com uma lógica aristotélica, refutando veementemente a existência de DEUS e conseguiu provar de forma lógica e racional que DEUS não passa de uma necessidade de eternidade que o ser humano carrega. Necessidade esta em virtude da imaturidade e vontade de ser provido sempre por um tutor – alguém ou algo para gerenciar a Vida e o Mundo – uma vez que a maior parte das pessoas não se sente plenamente CAPAZ e DESENVOLVIDA pessoal, social e ‘espiritualmente’ para tal empreitada. Então, a imensa maioria NECESSITA um GRANDE PAI protetor, justo e misericordioso para, de alguma forma, manter a estabilidade nas relações em sociedade e do Ser com ele mesmo.

Sei que com este post estou literalmente batendo com um pedaço de pau em casa de marimbondo, abelhas, vespas ou em algo até pior, como os fanáticos religiosos. Mas é minha missão, não posso fugir dela. Nasci filósofa, vou morrer filósofa. Morte matada ou morte morrida, não posso precisar ainda, mas morrerei filósofa, isso é fato consumado.

Demorei tanto tempo pra conseguir me enquadrar em uma “profissão” e estava bem no meu nariz o tempo todo. Como disse Quintana em uns versos bastante sugestivos acerca da busca da felicidade:

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Pois bem. Depois de demorar quase duas décadas até finalmente encontrar os óculos na ponta do meu nariz, não posso simplesmente ignorá-los ou inadvertidamente quebrá-los só para não causar constrangimento à sociedade ao levantar questões que considero pertinentes serem discutidas e averiguadas pelo bem da VERDADE. Sócrates, o maior Filósofo de todos os tempos – e bota tempo nisso – já dizia que a suprema felicidade ( ou virtude - arité -) está na verdadeira sabedoria e esta só pode ser alcançada mediante o crivo da razão.

Sim, sei que hoje com toda essa conversa de “inteligência emocional”, a razão vem cada vez mais sendo colocada em xeque. Mas ainda não é XEQUE MATE. Então, enquanto essas questões não forem cabalmente resolvidas e elucidadas, cabe a nós, Filósofos, poetas, escritores ou meros estudiosos e curiosos da condição humana procurar os questionamentos que nos deixem mais próximos do Saber e da Verdade.

Como também disse Quintana em sua genialidade acerca Das Indagações:

A resposta certa, não importa nada:
o essencial é que as perguntas estejam certas.

Decerto muitos de vocês devem ter percebido que, de certa forma, evitei esmiuçar um pouco mais as indagações sobre a existência de Deus com as quais iniciei este artigo. Mas foi proposital. Primeiro, porque quero lançar (por enquanto) apenas a dúvida e a inquietação para que cada indivíduo, cada um em seu tempo, busque as suas perguntas. E segundo e mais importante motivo: não quero perder amigos. Chega. Os bons amigos que tive já se foram: Casaram, mudaram-se e estão tocando suas vidas com bastante temor a Deus, diga-se de passagem. E os maus amigos mandei passear. Quem sabe encontrem a luz no fim do túnel. E nem precisa ser o trem, não sou tão perversa assim. Não por temor a Deus, que nem sinto a necessidade de que realmente exista ( mas se for levar a discussão para o que realmente existe, esse post ficará interminável). Melhor parar por aqui. Depois continuamos essa e outras discussões.

E sem perder bons amigos, por favor.


Lou Albergaria


Desse pedaço de fragmento
eu me amplio
Redefino minha rota
Autopiedade não conduz à saciedade.
Deus não é necessariamente parada obrigatória.
Eu me abasteço de Deus, se quiser.
Ou outro similar qualquer:
Filosofia, Poesia, Amigos,
Pôr-do-Sol
Beijo de Filha, Afeto de Mãe
Homem ou Mulher, Sim ou Não.
A Morte é só um livre-trânsito do Múltiplo arbítrio.
O Ser sem autoflagelação;
Mesmo porque
Eu não me auto-penitencio,
Eu me auto-ejaculo!
Em Tempo: Não tenho nada contra Deus; se Ele existir tanto melhor.