Em muitos momentos sinto que o melhor que se pode dizer a uma criança de dez anos é que se prepare para a morte. Daqui a algum tempo, você perderá seus avós, depois seus pais, tios, primos, amigos e, com alguma sorte, você também se perderá. Talvez, encontre o caminho de volta ou talvez descubra que o melhor mesmo é jamais voltar...
De qualquer forma, enquanto nos perdemos encontramos outras formas de olhar o que nunca demos tanta importância; coisas simples, coisas tolas, coisas essenciais.
Mas, o que é essencial? O que é felicidade?
Muitas vezes, sinto que o essencial por ser tão pequeno, tão ínfimo, tão precário, está tão escondido, recalcado, amontoado em pilhas de supérfluos, perdido em sua própria essencialidade de uma existência inútil.
E, a felicidade? ....a felicidade é um oásis no labirinto.
Todos sabem o que é e onde fica, mas
poucos têm a coragem para alcançar.
É mais fácil dizer da infelicidade. O que é infelicidade?
A infelicidade é um grão de areia nos olhos
de quem não sabe mais produzir lágrimas.
O que incomoda mesmo não é o grão de areia; mas,
não conseguir mais verter lágrimas, que
deixem a alma limpa e pura
para que a felicidade plante suas raízes...
É tão difícil ser feliz com os olhos turvos.
E, é tão fácil, tão fácil...
Basta perder o medo do escuro.
Lou Albergaria
Imagem: William Blake