" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

ALMA AO DIABO


Email que acabei de enviar ao meu amigo e parceiro MÁRCIO NICOLAU do INTERTEXTUAL.


Sábado, 30 de Outubro de 2010 0:29

De: "Lucilany Albergaria Lanna"
Para: "Marcio Almeida Nicolau"

Você viu como a DILMA terminou de falar aos brasileiros?

"Vamos garantir o acesso aos bens materiais da civilização."

É assim, parceiro, que se ganha uma eleição; garantindo o poder de compra, mesmo que seja a sua alma a moeda de troca.

Boa noite! Boa Sorte!

BEIJOS,

Lu

P.S.: Não importa se continuaremos roubando; importa que você vai poder comprar seu carro em 80 vezes e sua tv de plasma ou LCD em 48. Isso sim importa. "... e assim nos tornamos brasileiros... A sua piscina tá cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos, o tempo não para..."

Tela: Adolfo Payés

Vale a pena assistir ao vídeo e depois ao "MAKING OF".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

OS SOBREVIVENTES


A multidão avança contra o sinal verde. A luz nem pisca, tampouco os olhos arregalados em busca de paz. O ambulante anuncia o pão nosso de cada dia que o pai não dá. O filho insatisfeito e contrariado faz birra, esperneia, grita, chora, mas não acha o sonho realizado na roda de liga leve tão pesada que massacra a sola dos pés sem sapatos dados em boa ação no último dízimo em troca de que da próxima vez que os dados forem lançados o pobre fiel tenha mais sorte e ressuscite mais uma vez. Quem sabe um dia chova botas ao invés de granizo? Ao final das contas você é meu melhor freguês! Mas e se os dados estiverem viciados, talvez um livro caia de assalto sob a vigília, olhos vidrados, tentando se lembrar do que não dá pra esquecer. Você ali sentado no meio-fio da navalha sem se arrepender de ter cortado o último fio que ainda o mantinha uma marionete protegida do jugo da lei. A selva de concreto que asfixia, devora o seu melhor pedaço, você um fragmento, em trapos, comprando talvez esparadrapo para remendar uma alma miserável que nem sabe se existe mesmo ou se é só mais uma performance do Mandrake. Daí a pouco o coelho por teimosia sai da cartola e chama Alice para atravessar o espelho, penetrar em teus olhos e te fazer enxergar o que eu não quero mais ver – pessoas se transformando em massa para juntar os tijolos e erguer o muro que as separam da essência de não mais ser -. Estou exausta. Não é nada fácil passar a vida virando massa nessa tentativa desesperada de sobreviver!


Lou Albergaria


“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”
Mário Quintana

“A alma é essa parte da gente que mais dói toda vez que perguntamos se existe mesmo uma alma em nós; sobretudo quando constatamos que falta essa alma no outro e, não raras as vezes, em nós próprios...”
Lou Albergaria

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

MARINA E A TARJA AZUL DOS TUCANOS


“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. A ssim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão ja mais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

MAURÍCIO ABDALLA(1)

[1]Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

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Recebi hoje esse email genial da Economista Meire dos Santos Batista, ex-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais e minha ex-colega da faculdade de Economia na PUC-MG.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

TIRIRICA: O NOVO MACUNAÍMA




Ao receber vários emails hoje condenando a eleição do palhaço Tiririca como deputado federal, veio-me a imagem do personagem MACUNAÍMA.

Macunaíma foi um personagem de Mário de Andrade, ícone do modernismo brasileiro, que personificou o herói sem caráter. Em contraposição ao estilo literário anterior que sempre idealizava os valores dos heróis, o Modernismo foi um movimento que buscava resgatar os símbolos e valores nacionais sem idealizações; aspirava a um retrato mais fiel do Brasil e sua sociedade.

Macunaíma era negro, pobre e analfabeto. Nada mais exato para retratar o nosso país. Para muitos estudiosos da literatura, Macunaíma seria o próprio Brasil, caso um país pudesse ser um personagem.

No meu entendimento, o estimado palhaço TIRIRICA (pelo menos para mais de um milhão de eleitores) nada mais é que o novo Macunaíma desse início de século XXI. Pobre, feio, desdentado e semi-analfabeto. Quer melhor retrato do nosso país? Eu não consigo imaginar outro melhor, quer dizer, pior. E verdadeiro.

Então, não adianta reclamar. Mesmo porque "pior que tá não fica." Será?




Nesta canção no vídeo abaixo Elis enfatiza o verso:

"O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL..."

Realmente Ipanema não é o Brasil. Não é à tôa que o norte/nordeste é reduto do presidente Lula. Onde os índices de analfabetismo e miséria sócio-econômica e política são maiores, o sapo barbudo impera. E mesmo ele não sabendo de nada, eu o admiro como estadista. Sem dúvida uma das figuras mais relevantes na política não só brasileira, mas mundial. Um ex-operário que chega à presidência por dois mandatos e está prestes a eleger sua sucessora - a primeira mulher na presidência do Brasil -. É a melhor candidata? Não sei. Eu votei na Marina Silva. Agora sinceramente não sei em quem votar. Por enquanto apenas assisto ao circo e me alimento com meu pãozinho vitaminado da classe média e espero a morte chegar como todo mundo, "sentada em meu apartamento com a boca escancarada..."

Lou Albergaria