" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

terça-feira, 20 de março de 2012

ANOITECER COM PAUL CELAN



CORONA


"Da mão o outono me come sua folha: somos amigos.
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo retorna à casca.


No espelho é domingo,
no sonho se dorme,
a boca não mente.


Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos,
dizemo-nos o obscuro,
amamo-nos como ópio e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
como o mar no raio sangrento da lua.


Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:
já é tempo de saber!
Tempo da pedra dispor-se a florescer,
de um coração palpitar pelo inquieto,


É tempo do tempo ser.. É tempo."

Paul Celan 


(tradução: Flávio Klothe)

Mais poemas extraordinários desse autor em O POEMA. Vale a pena conferir.


***

Diálogo com Paul Celan:


NO OUTONO, TALVEZ...


Vem o outono, e
Nos ensina:

É preciso aprender a perder!

A beleza

Das flores
Das folhas

A altivez do tronco
A rigidez da casca

Sim,...
É preciso perder!

O medo

De não mais ser
sempre o mesmo

Para, (talvez...)

ser outro
Ser vário

Ou, ... simplesmente Ser...

Tu mesmo!


Lou Albergaria

Imagem: via web