" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

terça-feira, 17 de abril de 2012

iscaEiro



Fogueiras assombram
Livros difamam


Por isso, fotografo as horas
No verso dos escombros...


Se pisco, não perco
A chama
Da isca.



Lou Albergaria


diálogo com Marcio Nicolau

segunda-feira, 9 de abril de 2012

sTRIPalavras: a estética dos guetos



Paz(word)

Que palavra é essa
que abre por dentro
Nina os demônios, e
liberta todos os detritos

O lirismo em prisão de concreto, e
ventre

A estética dos guetos
acorda
as telas

Eu, lexotaneio
em mais uma canção de Nina
Simone...

Se eu acordar
antes de mim
Eu não me encontro.


Lou Albergaria


nota:

'Lexotaneio' é uma palavra que li em um poema de Carmen Sílvia Presotto.
***

A Loba se aposentou, então agora o meu outro blog mudou de endereço:


Aguardo vocês lá!!! BEIJOS!!!

terça-feira, 20 de março de 2012

ANOITECER COM PAUL CELAN



CORONA


"Da mão o outono me come sua folha: somos amigos.
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo retorna à casca.


No espelho é domingo,
no sonho se dorme,
a boca não mente.


Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos,
dizemo-nos o obscuro,
amamo-nos como ópio e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
como o mar no raio sangrento da lua.


Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:
já é tempo de saber!
Tempo da pedra dispor-se a florescer,
de um coração palpitar pelo inquieto,


É tempo do tempo ser.. É tempo."

Paul Celan 


(tradução: Flávio Klothe)

Mais poemas extraordinários desse autor em O POEMA. Vale a pena conferir.


***

Diálogo com Paul Celan:


NO OUTONO, TALVEZ...


Vem o outono, e
Nos ensina:

É preciso aprender a perder!

A beleza

Das flores
Das folhas

A altivez do tronco
A rigidez da casca

Sim,...
É preciso perder!

O medo

De não mais ser
sempre o mesmo

Para, (talvez...)

ser outro
Ser vário

Ou, ... simplesmente Ser...

Tu mesmo!


Lou Albergaria

Imagem: via web

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ESTÁ QUEIMANDO...



De qual ponto
Seu olhar
É mais atento?

Amplo

Diluo o azul
Em outras percepções

O sol é um ovo estriado

Nuvens são Montanhas 
Embarcações são pássaros

Todo papel
Depois de amassado
Entope os ductos

Por isso, estico o horizonte

Alongo a coluna
que sustenta o delta

Toco o céu com a ponta dos dedos

É água viva! ...por favor, cuidado ao me tocar:
Estou queimando...


Lou Albergaria

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ah, A VIDA...




A vida é só uma, e
Última

Ainda que haja reencarnação ESTA vida é apenas esta

Não há como retroceder, nem mesmo
Ter direito a uma sessão de VALE A PENA VER DE NOVO

Não se pode voltar para cometer erros mais belos,
Mais Livres, e mais úmidos

E, a derradeira linha do livro, o Inconsciente repete como um mantra:
... “sim, e morreu feliz para sempre.”

Esse sempre é o instante em que só consigo me lembrar de Cora Coralina:

Para que a vida não seja curta nem longa demais
É preciso que ela seja intensa, verdadeira e pura
Enquanto durar...

Ah, Cora, nossa doce Aninha,...

Se soubesses
O quanto é tão difícil ser pura
Quando não se acredita mais na pureza...


Lou Albergaria

***

Um dos poemas mais belos de Cora:

"... se a vida é curta...

Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar."

Autora: Cora Coralina


Imagem: VLADIMIR KUSH

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Êi, PÁSSARO AZUL!




Passeio entre polens, e
Pergaminhos, mas
É sempre o seu rosto
Que me acena beija-flores

Os olhos fundos...

Dois rios que capturam
Whisky, cerveja, fumaça
O mundo

E, me capturam...

Vou eu tateando a margem
Dos seus lábios

Essa ilha de água agridoce

Onde colho a poesia
E, os pássaros azuis
Quase caindo do ninho, que
Ainda não aprenderam
A voar... em nós


(ah, Bukowski...

o pássaro azul está no fundo do rio
varado de fome, e
desse nosso medo de amar...)


Lou Albergaria
 
***

Poema PÁSSARO AZUL de BUKOWSKI

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ESSENCIAL É SER FELIZ


Em muitos momentos sinto que o melhor que se pode dizer a uma criança de dez anos é que se prepare para a morte. Daqui a algum tempo, você perderá seus avós, depois seus pais, tios, primos, amigos e, com alguma sorte, você também se perderá. Talvez, encontre o caminho de volta ou talvez descubra que o melhor mesmo é jamais voltar...

De qualquer forma, enquanto nos perdemos encontramos outras formas de olhar o que nunca demos tanta importância; coisas simples, coisas tolas, coisas essenciais.

Mas, o que é essencial? O que é felicidade?

Muitas vezes, sinto que o essencial por ser tão pequeno, tão ínfimo, tão precário, está tão escondido, recalcado, amontoado em pilhas de supérfluos, perdido em sua própria essencialidade de uma existência inútil.

E, a felicidade? ....a felicidade é um oásis no labirinto.

Todos sabem o que é e onde fica, mas
poucos têm a coragem para alcançar.

É mais fácil dizer da infelicidade. O que é infelicidade?

A infelicidade é um grão de areia nos olhos
de quem não sabe mais produzir lágrimas.

O que incomoda mesmo não é o grão de areia; mas,
não conseguir mais verter lágrimas, que
deixem a alma limpa e pura
para que a felicidade plante suas raízes...

É tão difícil ser feliz com os olhos turvos.

E, é tão fácil, tão fácil...
Basta perder o medo do escuro.


Lou Albergaria

Imagem: William Blake