" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

QUE FLOR É ESTA?


“que flor é esta?

finge que morre
e quando menos se espera
é flor indo
flor vindo
floresta em festa

que flor é esta
que sempre resta?”

Alice Ruiz

***

...flor de Amora

flor de fruta-pão
flor de São João
flor afago lunar
Rosa estelar
Explosão Solar.

Flor D'eus
apelos incandescentes
flor de outrora
arrepios chove
flor de espinhos
na coroa do Rei Nu
carpideiras testa esfola.

Flor de cortiça
anel de ametista
flor livre de canteiros
apara arestas
flor Fada paredes escala

O Artista com seu estilingue Mestre
lança Sementes de Amoras
-Sagrado feminino de Amor-
que hoje iluminam todo o Universo.


Lou Albergaria

Para Vino Morais - http://vinoartes.blogspot.com/

***


Havia dito que os trabalhos estavam encerrados no SEMENTE DE AMORA por este ano, mas diante desse presente Maravilhoso do VINO MORAIS - a composição fotográfica acima que prefiro chamar de tela - 'precisei voltar' para agradecer a esse Extraordinário artista, que esteve comigo por todo este ano que está prestes a terminar, mas que jamais sairá do meu coração.


OBRIGADA, VINO, Meu Artista Magnífico!!!!


FELIZ 2011 A TODOS VOCÊS! E que o ANO NOVO nos reserve grandes surpresas em forma de amizade, Arte e amor!!!


BEIJO GRANDE!!!!


Muito obrigada pelo carinho de todos os amigos queridos!!!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A ÁRVORE DE NATAL DA AMORA


-Mãe, por que a gente não tem árvore de natal? - perguntou a filha indignada.

-Sei lá, Amora...-respondeu a mãe de forma meio displicente, tentando se concentrar no livro que tinha entre as mãos. -você faz cada pergunta! Tem árvore de Natal na casa das suas duas avós, não tem? Então pensei que bastasse... E pra quê árvore de Natal?

-É bonita! A gente coloca os presentes embaixo dela...

-Amora, você sempre ganha presentes mesmo sem árvore de Natal. Agora deixa a mamãe ler o livro, deixa...arruma uma coisa bacana pra você fazer, por favor.

-Eu quero uma árvore de Natal. A casa de todo mundo tem uma árvore de Natal...

-Ai, saco! Já vi que não vou poder ler meu livro. - falou irritada à filha. -Qual o problema com a árvore na casa da sua avó?!

-Não é a minha casa. Minha casa é aqui e você não comprou pra gente uma árvore de Natal.

-Que papo chato, Amora!!! Não comprei árvore de Natal porque quase não paramos em casa...e depois esse troço de árvore de Natal é mera convenção.

-O que é convenção?

-Ai......o que eu faço com você, Amora? Convenção é aquilo que alguém em algum momento diz que é o certo e aí vai passando de pessoa pra pessoa até que um tanto de gente, quase todo mundo, acham que é mesmo o certo sem se perguntarem se realmente é o certo, entende?

-Eu acho certo ter uma árvore de Natal.

-Pois eu acho uma besteira! Agora dá para eu voltar a ler o livro, posso?

-Você só pensa em livro...por que ao invés de comprar livro, você não comprou uma árvore de natal?

-Hummmmmm....livros me divertem, árvores de Natal me chateiam.

-Tudo que todo mundo gosta te chateia, já reparou?

-Não. Não ando com muito tempo pra reparar essas coisas...

-Existe alguma coisa que não te chateia?

-poesia...

-A sua poesia me chateia muito.

-Menina, perdeu a noção do perigo? O que você tem contra minha poesia?

-O que você tem contra árvore de Natal?

-Ai, ai, ai, ai....agora eu vi tudo!!! Não tenho nada contra árvores de Natal, só não quero um 'trambolhão' no canto da nossa sala, só isso.

-Árvores de Natal enfeitam, são alegres...

-Hummmmm.....e eu com isso? Prefiro livros a árvores de Natal, dá licença?

-Prefiro árvore de Natal do que livros. Você é uma chata! Está sempre sozinha...

-Amora, ainda que eu esteja rodeada de gente estou sempre sozinha. Não tenho muito o que falar com a maioria das pessoas que conheço.

-É só ouvir as pessoas, então, ué, já que não tem o que falar com elas.

-Garota, você não tem nada mais interessante pra fazer, não? Olha lá sua bicicleta te chamando.

-Você tem algum problema com árvore de Natal? Aposto que quando você era criança você deve ter esbarrado em alguma, passou a maior vergonha, aí tomou birra, só pode...

-Ah, não! Agora chega! Só me faltava essa! Uma "psicanalista freudiana" de 9 anos de idade! É tudo de que NÃO preciso nesse momento, sabia?

-pis...pis......o quê?

-Garota, que tal andar de patinete, hein, e deixar a mamãe ler só mais umas vinte páginas, pode ser?

-Que tal arranjar uma árvore de Natal pra gente ter uma casa como a de todo mundo, hein?

-Amora, eu não quero ter uma casa como a de todo mundo. Eu quero ser eu mesma, sacou? Detesto convenções.

-Eu adoro árvore de Natal! São tão coloridas... fazem lembrar tanta coisa boa...

-Não precisa nem dizer...presentes, naturalmente...acertei?

-também...mas sabe qual a parte da árvore de Natal que acho mais bonita?

-Não, "freudinha". Qual? (bocejo) Estou louca pra saber....

-A estrela que fica bem lá no alto dela.

-Por que?

-Ah, porque é difícil colocar a estrela lá no alto. Precisa ser grande. Eu só consigo colocar as bolinhas coloridas. A vovó é que consegue colocar a estrela lá em cima. Mas acho que você também consegue colocar a estrela lá no alto sem precisar de escada ou cadeira. Você é tão alta, grande. Eu ainda sou pequena.

-Sei não... às vezes te acho tão maior do que eu... Amora... Isadora.....Vou pensar sobre o lance da árvore para o próximo ano, ok? Até que seus argumentos foram bons, preciso admitir.

-Sou bem inteligente mesmo...

-modesta como a mãe...

-Mas a inteligência eu acho que puxei do meu pai.

-GarotAAAAAA!!!!!!!!!


Deram um forte abraço, muitos beijos e, por causa das cócegas que se faziam uma na outra, não pararam de rir por muito tempo.



Lou Albergaria



FELIZ NATAL!!!!!! MARAVILHOSO 2011 A TODOS!!!


Com esse último post encerro os trabalhos em 2010. Semana que vem entro de férias e quero dar um tempo com a blogosfera...

Preciso me dedicar mais à minha filha, aos meus estudos de Filosofia, Estética Poética e Literária...ficar afastada um tempo...estudar, pensar, chegar no osso...


MUITO OBRIGADA PELA COMPANHIA!!!


BEIJOSSSS!!!! A GENTE SE ESBARRA...


FIQUEM COM DEUS!!!



Tá rebocado meu compadre
Como os donos do mundo piraram
Eles já são carrascos e vítimas
Do próprio mecanismo que criaram

O monstro SIST é retado
E tá doido pra transar comigo
E sempre que você dorme de touca
Ele fatura em cima do inimigo

A arapuca está armada
E não adianta de fora protestar
Quando se quer entrar
Num buraco de rato
De rato você tem que transar

Buliram muito com o planeta
E o planeta como um cachorro eu vejo
Se ele já não aguenta mais as pulgas
Se livra delas num sacolejo

Hoje a gente já nem sabe
De que lado estão certos cabeludos
Tipo estereotipado
Se é da direita ou dá traseira
Não se sabe mais lá de que lado

Eu que sou vivo pra cachorro
No que eu estou longe eu tô perto
Se eu não estiver com Deus, meu filho
Eu estou sempre aqui com o olho aberto

A civilização se tornou complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir
O calcanhar de Aquiles
Com um só palito pára o motor

Tem gente que passa a vida inteira
Travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que está o coringa do baralho

Quando eu compus fiz Ouro de Tolo
Uns imbecis me chamaram de profeta do apocalipse
Mas eles só vão entender o que eu falei
No esperado dia do eclipse

Acredite que eu não tenho nada a ver
Com a linha evolutiva da Música Popular Brasileira
A única linha que eu conheça
É a linha de empinar uma bandeira

Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos 11 anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta

Raul Seixas e Raulzito
Sempre foram o mesmo homem
Mas pra aprender o jogo dos ratos
Transou com Deus e com o lobisomem

Raul Seixas

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

POESIA MARGINAL


Queridos e amados leitores,

Este post é mais uma ratificação da minha (LOU)CURA. Somente isso. Não se assustem. Hoje tive a comprovação CABAL de que todo o UNIVERSO CONSPIRA em favor da minha loucura.

Outro dia deixei um comentário no blog do Jairo - PALAVRADIANDO - blog aliás que adoro (devidamente linkado em SEMENTES SELECIONADAS na barra lateral esquerda), dizendo a ele que fazemos POESIA MARGINAL, pois havia lido um artigo sobre essa vertente da poesia brasileira, também conhecida como GERAÇÃO MIMEÓGRAFO, uma vez que esses poetas não tinham uma editora convencional, então eles mesmos mimeografavam seus escritos, grampeavam e saíam livres, leves e soltos pelas portas das universidades, escolas, bares, teatros e qualquer outro lugar, talvez até velório em cemitérios a venderem seus poemas. Paulo Leminski foi um dos grandes expoentes desse movimento.

Pois bem, estava eu agora mesmo procurando algum artigo no 'google' que explicitasse melhor a poesia marginal para postar algo para vocês, então digitei POESIA MARGINAL e obviamente, como todos já estão carecas de saber, aparece aquele TANTO de respostas à pesquisa com seus diversos links. Diante de dezenas de opções, faço um click justamente sobre um link que me levou ao poema que postarei abaixo.

Quando li o poema, não acreditei na coincidência (?) e imediatamente lembrei-me da época em que lia PAULO COELHO há mais de vinte anos, sobretudo os primeiros livros. Depois quando comecei a sentir o 'cheiro mercadológico' de seus escritos parei de ler. Mas esta frase escrita por ele em O ALQUIMISTA sempre me perseguiu ao longo da minha vida: "O UNIVERSO CONSPIRA PARA QUE VOCÊ ALCANCE TUDO QUE QUEIRA, DESDE QUE DESEJE MUITO MESMO COM O CORAÇÃO..."

Sei que é um chavão dos mais desgastados dos últimos vinte anos ou mais até, mas essa frase me persegue ou eu a persigo, não sei... Essa NECESSIDADE que Nós HUMANOS temos de ACREDITAR que há ALGO acima orquestrando vidas, destinos e energias vitais. Talvez seja mera coincidência, mas pelo sim, pelo não...pero las hay, las hay...

O poema abaixo é magnífico (eu o considerei magnífico pela transgressão formal/estética, mas principalmente pela aura cabalística que ele enseja para mim). Faz parte do livro ESQUIMÓ do Fabrício Corsaletti que pertenceu ao Movimento citado e, este ano, algumas editoras resolveram relançar autores daquela época. Esse livro, por exemplo, é da Companhia das Letras.

Agora leiam o poema e me digam se O UNIVERSO CONSPIRA, ainda que 'coincidentemente', para que alcancemos o que desejamos verdadeiramente com o coração.


"ESQUIMÓ"

Seu nome

se eu tivesse um bar ele teria o seu nome
se eu tivesse um barco ele teria o seu nome
se eu comprasse uma égua daria a ela o seu nome
minha cadela imaginária tem o seu nome
se eu enlouquecer passarei as tardes repetindo o seu nome
se eu morrer velhinho no suspiro final balbuciarei o seu
[nome
se eu for assassinado com a boca cheia de sangue gritarei o
[seu nome
se encontrarem meu corpo boiando no mar no meu bolso
[haverá um bilhete com o seu nome
se eu me suicidar ao puxar o gatilho pensarei no seu nome
a primeira garota que beijei tinha o seu nome
na sétima série eu tinha duas amigas com o seu nome
antes de você tive três namoradas com o seu nome
na rua há mulheres que parecem ter o seu nome
na locadora que frequento tem uma moça com o seu nome
às vezes as nuvens quase formam o seu nome
olhando as estrelas é sempre possível desenhar o seu nome
o último verso do famoso poema de Éluard poderia muito
[bem ser o seu nome
Apollinaire escreveu poemas a Lou porque na loucura da
[guerra não conseguia lembrar o seu nome
não entendo por que Chico Buarque não compôs uma
[música para o seu nome
se eu fosse um travesti usaria o seu nome
se um dia eu mudar de sexo adotarei o seu nome

minha mãe me contou que se eu tivesse nascido menina
[teria o seu nome
se eu tiver uma filha ela terá o seu nome
minha senha do e-mail já foi o seu nome
minha senha do banco é uma variação do seu nome
tenho pena dos seus filhos porque em geral dizem "mãe"
[em vez do seu nome
tenho pena dos seus pais porque em geral dizem "filha" em
[vez do seu nome
tenho muita pena dos seus ex-maridos porque associam o
[termo ex-mulher ao seu nome
tenho inveja do oficial de registro que datilografou pela
[primeira vez o seu nome
quando fico bêbado falo muito o seu nome
quando estou sóbrio me controlo para não falar demais o
[seu nome
é difícil falar de você sem mencionar o seu nome
uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome
coelho tinha o seu nome
xícara tinha o seu nome
teleférico tinha o seu nome
no índice onomástico da minha biografia haverá milhares
[de ocorrências do seu nome
na foto de Korda para onde olha o Che senão para o
[infinito do seu nome?
algumas professoras da USP seriam menos amargas se
[tivessem o seu nome
detesto trabalho porque me impede de me concentrar no
[seu nome
cabala é uma palavra linda mas não chega aos pés do seu
[nome

no cabo da minha bengala gravarei o seu nome
não posso ser niilista enquanto existir o seu nome
não posso ser anarquista se isso implicar a degradação do
seu nome
não posso ser comunista se tiver que compartilhar o seu
[nome
não posso ser fascista se não quero impor a outros o seu
[nome
não posso ser capitalista se não desejo nada além do seu
[nome
quando saí da casa dos meus pais fui atrás do seu nome
morei três anos num bairro que tinha o seu nome
espero nunca deixar de te amar para não esquecer o seu
[nome
espero que você nunca me deixe para eu não ser obrigado a
[esquecer o seu nome
espero nunca te odiar para não ter que odiar o seu nome
espero que você nunca me odeie para eu não ficar arrasado
ao ouvir o seu nome
a literatura não me interessa tanto quanto o seu nome
quando a poesia é boa é como o seu nome
quando a poesia é ruim tem algo do seu nome
estou cansado da vida mas isso não tem nada a ver com o
[seu nome
estou escrevendo o quinquagésimo oitavo verso sobre o seu
[nome
talvez eu não seja um poeta à altura do seu nome
por via das dúvidas vou acabar o poema sem dizer
[explicitamente o seu nome.


Fabrício Corsaletti


in ESQUIMÓ


Para lerem mais sobre o Movimento POESIA MARGINAL:

O LINK CABALÍSTICO: http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/trechos/2010/03/07/ult5747u87.jhtm


"yo no creo en brujas pero que las hay las hay."

Cervantes

Era para encerrar o post por aqui mesmo, mas preciso encontrar uma música que retrate essa minha REVELAÇÃO ESOTÉRICA...hahaha.... Sei lá, algum "Arcanjo Gabriel", anunciando O NOME Lou Albergaria... como a próxima EXCRETORA da POESIA MARGINAL...

Outro dia no blog do Wanderley Elian - também linkado na barra lateral esquerda - recebi mais de 70 comentários ao meu poema A BOSTA É POP! Até disse a ele que só mesmo em blogs alheios consigo tantos comentários assim acerca de minha poesia, pois nos meus blogs poucos comentam. Mas o que mais me intrigou foi a quantidade grande de pessoas que NÃO SABIAM O QUE DIZER - não sabiam se haviam gostado ou detestado - ou seja, ficaram PERPLEXAS, meio que ainda 'tentando digerir o banquete apresentado'... Digerir BOSTA POP não é mesmo tarefa muito fácil, eu que o diga...e MARGINAL,então, no sentido de estar à margem do convencional - do sempre feito de forma sublime - que agora vem uma LOUCA de NOME Lou Albergaria achando que pode mudar as coisas de lugar assim... colocar a bosta no ventilador da blogosfera e sair ilesa dessa?!

Houve até uma senhora que disse: interessante o poema, mas ainda prefiro os versos sublimes feitos para sonhar; prefiro a poesia que faz sonhar.

Madame, pois EU prefiro a poesia que faz defecar tudo que nos entope de vergonha e constrangimento; prefiro a poesia que nos faz vomitar tudo que recebemos de hipocrisia no leitinho materno bem quentinho e doce pra nos aliciar e capturar nossa vontade e desejo, colocando cabrestos e freios em nossa libido. Delicada Madame, prefiro os VERSOS que, além de sonhar, nos faz gozar em aloucinado estado de tesão!!!

BEIJOS, Meus Amados!!!!! Inté!

Este aqui é meu ARCANJO GABRIEL que deve estar PUTO com Paulo Coelho, um canalha que se rendeu ao Sistema, ficando literalmente de quatro (nada contra a ficar de quatro, mas que seja por tesão, não por dinheiro...mas prostituição existe em toda área, não é mesmo? Sejamos tolerantes com os prostitutos da literatura e da Arte...PORRA NENHUMA!!!!!! Quem vende o corpo eu tolero e até tento compreender, mas quem VENDE IDEIAS, CONVICÇÕES IDEOLÓGICAS E SENTIMENTOS DE LIBERDADE, AMOR, PAIXÃO, LOUCURA...NOMES INDECIFRÁVEIS E INCATALOGÁVEIS, eu quero mesmo é que todos vocês vão lamber sabão... rima pobre é o que vocês merecem, seus putos!!!!):



"(...)Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador
..."


Raul Seixas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SOLFEJANDO POESIA...





Recebi dessa Linda Menina - Álly - (Solfejando Poesia) do blog MUDANÇA DOS VENTOS
http://floresdevenus.blogspot.com/ os SELOS acima. Fiquei bastante feliz com esse carinho, pois enquanto meu LOBA DE RAY-BAN já ganhou mais de 20 Selinhos, presentes e mimos nessa blogosfera, o meu SEMENTINHA nunca havia ganhado nada por aqui, só a visita de pessoas muito queridas e outras nem tão queridas assim, mas abafa....deixe estar, o juizo final está próximo....hahahaha.....


Obrigada, Álly, pelo carinho e consideração!!!


Ela acabou de se formar em Psicologia, então, mais uma vez meus SINCEROS PARABÉNS. Amo essa Ciência e torço muito por seu SUCESSO, por você ser essa pessoa tão do BEM!!!


Admiro demais sua poesia!!!

Ela também escreve no blog CONTRACULTURA PARATY: Vale a pena conferir esse blog que também conta com a participação de outros poetas muito bons que admiro por demais!


Vou repassar os três SELOS para os blogs abaixo:


PALAVRADIANDO do JAIRO CERQUEIRA
INTERMEDIÁRIO do MÁRCIO NICOLAU
PARTITURA do SAULO TAVEIRA
UNIVERSO PARALELO EM VERSOS do NÉLSON AHARON
INTERIORIDADES de AC
************************************
OS LINKS ESTÃO NA BARRA LATERAL ESQUERDA EM SEMENTES SELECIONADAS.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A SORDIDEZ HUMANA por Lya Luft


"Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça
alheia? Quem é esse em nós, que ri quando
o outro cai na calçada?"

Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.

Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?

O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: "Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha". Ou: "Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele". Mais ainda: "O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...". Outras pérolas: "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...".

Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.

Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer "Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...", e aí se lança o malcheiroso petardo.

Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... e se dirá que é por idealismo, pela fé, porque seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.

A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exala seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós.


Lya Luft



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mentes Perigosas - O psicopata mora ao lado


"Este livro tão minucioso e detalhado é de grande importância para a sociedade. Mentes Perigosas proporciona ao leitor um panorama do comportamento dos psicopatas, delineando preventivos resguardos e defesas das pessoas que eventualmente venham a se relacionar com eles." Arthur Lavigne, advogado criminalista

"A autora descreve com maestria o comportamento dos anormais psicopatas. Trata-se de uma obra indispensável àqueles que desejam se aprofundar no mundo das diferenças psicológicas entre as pessoas. Não somente os profissionais da área da saúde mental, mas todas as pessoas que querem compreender a natureza humana devem ler este livro." Talvane M. de Moraes, psiquiatra forense

"A gente resiste muito a acreditar na existência do MAL, enquanto prática humana! Mas ele está aí, vizinho, rondando cada um de nós, e a gente nem se dá conta! O que assusta nessas pessoas é que elas parecem tão comuns, tão gente igual a gente. E, no entanto, a incapacidade de sentir empatia pelo outro revela claramente que elas não são como a gente: psicopata não tem semelhante. Ele nem sabe o que é isso. Esse é um livro perturbador, porque nos faz descobrir que estamos sempre correndo o risco de ser a próxima vitima. Mas, ao mesmo tempo, nos dá as únicas armas possíveis para nos defendermos deles: a possibilidade de reconhecê-los para sair de perto! Tem o mérito de tirar o psicopata do terreno do crime, onde o senso comum o confina, para mostrar que a maioria deles não chega ao assassinato, ainda que todos vivam de matar: sonhos, esperanças, a confiança que os outros depositem neles. E ainda os diferencia, no meio carcerário, daquela maioria que realmente é recuperável e merece uma segunda chance. A boa noticia, como diz a Ana Beatriz, é que eles são uma proporção muito pequena da população, de modo que podemos continuar apostando na humanidade!" - Gloria Perez, escritora e novelista
(Ainda que sejam uma minoria da população fui "agraciada" por conhecer uma psicopata que não quer me deixar em paz.)

SOBRE ESTE LIVRO:

Normalmente a psicopatia é associada a pessoas violentas, com aparência de assassinas e que podem ser facilmente identificadas. Mas, diferentemente do que se costuma acreditar, psicopatas, em sua grande maioria, não são necessariamente assassinos. Em Mentes Perigosas, a médica psiquiatra Ana Beatriz B. Silva alerta para o fato de que os psicopatas podem permanecer por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos. "Eles Transitam tranqüilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, freqüentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama... Apesar de mais de vinte anos de profissão, ainda fico muito surpresa e sensibilizada com a quantidade de pacientes que me procuram com suas vidas arruinadas, totalmente em frangalhos, alvejadas por esses seres", diz ela.

Segundo a autora, os psicopatas são 4% da população: 3% são homens e 1% mulher. Ou seja, a cada 25 pessoas, uma é psicopata. E como seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos, eles não são considerados loucos, não sofrem de alucinação ou apresentam sofrimento mental. Vivem incógnitos, em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das outras pessoas. Apenas em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Em sua grande maioria, eles não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns. No entanto, são desprovidos de consciência e, portanto, destituídos do senso de responsabilidade ética, que é a base essencial das relações emocionais. "Sei que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Admitir que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o "mal" habita entre nós, lado a lado, cara a cara", explica a autora.

Ana Beatriz alerta no livro para o poder destrutivo dos psicopatas, que manipuladores, perversos e desprovidos de culpa, remorso ou arrependimento, são capazes de passar por cima de qualquer pessoa para satisfazer seus próprios interesses: "Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas [em sua maioria] não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloqüentes, "inteligentes", envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade".

Segundo o psiquiatra canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos - a parte cognitiva ou racional é perfeita -, ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão fazendo. O déficit deles está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravessa o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha exercida de forma livre e sem qualquer culpa. A mais evidente expressão da psicopatia envolve a flagrante violação criminosa das regras sociais - eles sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional: "Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia", esclarece a psiquiatra.

Baseados em histórias reais relatadas à autora por vítimas de psicopatas, direta ou indiretamente, e em casos tratados com destaques na imprensa, os exemplos citados em Mentes Perigosas ilustram de forma bastante didática comportamentos que um psicopata típico teria: "Além disso, todos os casos apresentados se prestam muito bem à exemplificação dos mais diversos níveis de psicopatia, desde os mais leves até os moderados e severos. Dessa forma, tentei esquadrinhar e tornar o tema o mais abrangente possível, a fim de responder a uma série de perguntas que, na maioria das vezes, nos deixam absolutamente confusos. Assim espero contribuir para que as pessoas se previnam das ameaças que nos rondam de forma silenciosa. Estou convencida de que falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais são dados importantes e merecem estudos aprofundados e toda a nossa atenção, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia".

Ana Beatriz B. Silva é autora de uma série sobre problemas da mente, que se tornou respeitada em todo o país e já vendeu mais de 150 mil exemplares. Desta coleção fazem parte os títulos: Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas (Editora Gente), Mentes & Manias: entendendo melhor o mundo das pessoas sistemáticas, obsessivas e compulsivas (Editora Gente), Mentes Insaciáveis: anorexia, bulimia e compulsão alimentar (Ediouro) e Mentes com Medo: da compreensão à superação (Integrare).


SOBRE A AUTORA:

Ana Beatriz Barbosa Silva é médica graduada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro(UERJ) com pós-graduação em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nascida na cidade do Rio de Janeiro, é escritora, realiza palestras, conferências, consultorias e entrevistas nos diversos meios de comunicação sobre variados temas do comportamento humano. Professora Honoris Causa pela UniFMU (SP), presidente da AEDDA - Associação dos Estudos do Déficit de Atenção (SP) e diretora das clínicas Medicina do Comportamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde faz atendimento aos pacientes e supervisão dos profissionais da sua equipe (médicos, psicólogos e terapeutas).


Fonte:www.livrariaresposta.com.br

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A DESCONSTRUÇÃO DO MITO


Como deixei lá em seu blog: agora não é mais a Menina frágil querendo mudar o Mundo com uma cestinha de Amoras embaixo do braço. Continuo querendo MUDAR O MUNDO, mas dessa vez, é com sangue, fogo e bosta de Vaca.

XEQUE! Mais uma vez. Tá ficando chato esse jogo... Mas se quer continuar, vambora... Estou evitando o XEQUE MATE por puro "cavalheirismo", pois sei que outras pessoas podem sair feridas e NÃO QUERO FERIR NINGUÉM, nem mesmo você que é essa psicopata demente. Mas se precisar FERIR outros envolvidos a sua volta, esteja certa que farei.

O Pistoleiro Corvo ensinou-me MUITO. Muito mesmo. Mas o que considero de melhor e mais pujante foi a AMORALIDADE "na hora de MATAR". Sempre fui uma AMORA - Sagrado feminino de Amor - recheada de pudores, conflitos morais, princípios, ética e toda essa "fudeção cultural" que nos enfiam goela abaixo assim que nascemos. Com ele aprendi a sentir prazer na hora de "puxar o gatilho" e se for contra você, o prazer será ainda maior.

Verdadeiramente, já havia me esquecido de você. Completamente mesmo. Mas já que insiste reavivar minha memória, então, 'tamos aí' pro que der e vier.

Escolha tuas armas, AMOR, e venha... O cheiro de flor do teu sangue atiça meu tesão de "matar"...

Você disse por email que quer muito saber qual o cheiro da Loba. Lá no LOBA eu lhe direi que cheiro a Loba tem. Algo me diz que você não vai gostar...

Lou Albergaria - A Loba de Ray-Ban
***

Tela: BASQUIAT

domingo, 12 de dezembro de 2010

"...CONTINUAR O QUÊ?"


Na última sexta-feira, meio que por acaso, entrei no blog do Gerald Thomas - renomado diretor de teatro e dramaturgo no Brasil, bem como nos EUA e Europa - sobretudo, por há três décadas ter feito um teatro preocupado não somente em encenar peças clássicas ou modernas, mas destacou-se muito mais pela BUSCA por uma nova linguagem para a dramaturgia. Por conta disso, óbvio, sempre foi uma personalidade controvertida e polêmica. Até que em setembro de 2009 decretou sua 'falência pessoal' enquanto ser humano e artista, escrevendo um MANIFESTO que publicou em seu blog explicando as razões que o faziam naquele momento não acreditar mais em si mesmo e nem na ARTE.

Claro que um texto dessa natureza instigou-me de forma arrebatadora. Nele, Gerald Thomas questina a si mesmo através da arte e vice-versa. Logo no início ele escreve:

'Transformar o mundo: acordar todos os dias e transformar o mundo', dizia a voz de Julian Beck (quem eu dirigi e com quem aprendi tanta coisa). Eu tinha uma vaga noção das coisas. Não encontro mais nenhuma. Eu tinha uma fantasia. Não a encontro mais. Só encontro aquele auto-retrato de Rembrandt me olhando, ele aos 55, eu aos 55, um num tempo, o outro no outro, como se um quisesse dizer pro outro: o TEU 'renascentismo' acabou: Você morreu. Morri?

I can’t go on. And I won’t go on.

Beckett, que é o meu universo mais próximo, diria 'but I’ll go on'. Sim, existia uma necessidade de se continuar. Mas olho em volta e me pergunto: Continuar o quê? Não há muito o que continuar. (...)"

A partir dessa reflexão ele vai traçando os argumentos que ratificam sua opção pelo afastamento dos palcos, estejam eles em qualquer lugar, sejam em países de primeiro mundo, sejam em paises em desenvolvimento como o Brasil. O fato é que ele se mostrou bastante ESGOTADO e INDIGNADO com os rumos que a ARTE veio tomando nas últimas décadas no planeta (Felizmente, pra ele, não é só em nosso país que a carniça começou a feder, menos mal para nós brasileiros, creio eu).

O transgressor dramaturgo e diretor apontou a TECNOLOGIA desses novos tempos como sendo um dos motivos de seu desencantamento com o teatro e as artes. Ele até diz textualmente: "também não estou afim de criar o iTheatro." E estabelece uma relação bastante estreita entre alta tecnologia e decadência nas artes, sobretudo no teatro, afirmando que hoje percebe-se uma crise de criatividade generalizada. Não pude discordar dele. Verdadeiramente, nas últimas duas décadas temos presenciado uma CRISE DE ABSTINÊNCIA CRIATIVA, eu diria. A maior prova disso são as infindáveis regravações - remakes, como queiram - de antigos e eternos sucessos que vão desde o Cinema, passam pela música, a televisão com suas fórmulas ancestrais de garantir o sucesso de audiência, o teatro que opta pela forma clássica de apresentar os textos, pois implica menos riscos comerciais, as editoras que preferem lançar ANTOLOGIAS de escritores consagrados a buscarem novos autores e investirem em sua divulgação, pois aumenta os custos; e, claro, apostarem nos grandes "filões" de best-sellers - leitura fácil e prazerosa - que garante entretenimento sem maiores contestações do ser humano e a si mesmo e à sociedade na qual está inserido, até chegarmos ao 'topo' das artes que são as artes plásticas. Aí o bicho pega! Pois são raríssimas as pessoas que VERDADEIRAMENTE conseguem diferenciar uma grande pintura de um singelo artesanato. Alguém para fazer essa diferenciação com segurança requer muita informação e cultura em história da arte o que, definitivamente, não está ao alcance de qualquer cidadão, até mesmo daqueles que possuem acesso às melhores escolas. Sempre dependemos da opinião de um crítico especializado para sabermos se tal 'artista' é mesmo bom ou não passa de um mero artífice.

Lembro-me agora de um conto que li semana passada da Lygia Fagundes Telles intitulado SAUNA, em que o personagem central do conto é um grande artista plástico que depois de mais ou menos vinte anos de sucesso e aclamação da crítica especializada e do público - que vai na onda da crítica, pois sozinho não tem mesmo condições de diferenciar um Van Gogh de um Basquiat - encontra-se em absoluta crise de identidade artística. Em um dado momento da extraordinária narrativa de Lygia esse artista diz: basta a minha assinatura. Ninguém entende nada, mas mesmo assim pagam milhões por um quadro medíocre meu, pois não consigo mais criar. Simplesmente venho repetindo há anos a mesma fórmula de sempre e eles não percebem e, se percebem, não se importam com isso. Mas o personagem parecia bastante preocupado, pois sofria por conta disso. Um artista que no início era absolutamente genial e depois transforma-se em um blefe, ainda que milionário e vendendo muitos quadros para a alta burguesia.

É mesmo bastante difícil compreender a Arte. Por isso, é tão mais cômodo lançar aquela velha e surrada frase: "arte não é pra ser compreendida; arte é para ser sobretudo sentida na alma..." Eu mesma já lancei mão dessa frase (mea culpa, mea maxima culpa....) muito mais vezes do que desejaria.

Nessa madrugada mesmo, assistindo ao programa ALTAS HORAS do Serginho Groissman - um comunicador que admiro muito - em que estavam Ivete Sangalo e Rodrigo Santoro, vi-me mais uma vez diante dessa dicotomia: arte é para ser também compreendida ou somente senti-la basta? Depois fui dormir e não assisti ao restante do programa que ainda traria mais convidados. Entretanto, só assisti a essa primeira parte - que teve a participação rápida também de uma sexóloga, respondendo algumas perguntas da plateia -. Mas o que mais me chamou a atenção é que a nossa RAINHA DO POP NACIONAL - Ivete Sangalo - apesar de possuir uma voz deliciosamente belíssima apresenta um repertório sofrível (para não dizer algo mais deselegante), pois gosto muito dela; é uma cantora de um carisma incrível, um astral sempre alto e contagiante com sua alegria, no entanto, canta canções com arranjos fantásticos, mas letras indecentes de tão medíocres.

Na mesma hora, ou melhor, alta hora, estabeleci uma ponte com o texto-Manifesto do Thomas. A arte vem se empobrecendo cada vez mais com o passar do tempo. É algo que impressiona e ao mesmo tempo constrange a quem ama a arte verdadeiramente, mas sobretudo, àqueles que conseguem compreendê-la e não apenas sentí-la. Parece arrogante essa constatação, não é? Mas a verdade é mesmo muito arrogante. Quando Adorno, por exemplo, escreve "'arte popular' não é arte" é bastante arrogante. Uma arrogância que eu mesma contestei algumas vezes, mas depois de começar a prestar um pouco mais de atenção à 'arte popular' percebi certa coerência em seus argumentos e ontem ao prestar ainda mais atenção às letras cantadas por nossa RAINHA DO POP aí que Adorno tornou-se mais coerente pra mim, ainda que dôa um pouco nessa alma libertária admitir o elitismo da arte. Mas realmente é incomparável uma letra cantada por Ivete com uma canção cantada por Bethânia, por exemplo (percebam que mantive a analogia no território baiano para não envolver mais variáveis na análise). Mas sei qual é a pergunta que não quer calar: "Podemos comparar dois ESTILOS completamente distintos?" Vamos partir da premissa que não - hoje estou realmente boazinha - mesmo assim, se comparamos então o tal AXÉ - gênero musical, ao invés de comparar a cantora -com outros estilos (gêneros musicais) aí é que a carniça fede ainda mais. (boazinha, hein?!!!)

Compreendo o desalento do Thomas, principalmente quando vou às livrarias e ao invés de me deparar com os grandes escritores da humanidade, sempre nos stand's frontais, estão os VAMPIROS lá todos expostos nas capas a verter sangue. É desalentador mesmo que pode até levar a uma forte depressão, como parece ter ocorrido com o dramaturgo e diretor ao qual faço referência.

O grande artista precisa sempre de um bom e relevante motivo para continuar. "...mas continuar o quê?"

Será que a bosta é pop porque pop é a bosta?!


Lou Albergaria

Em tempo: Confesso que fico absolutamente perdida quando vou à alguma galeria de artes plásticas. Também NÃO SEI diferenciar arte de artesanato. Mas quero muito aprender e penso que o primeiro passo é RECONHECER a própria ignorância e não ter medo jamais da verdade, ainda que esta possa ser SEMPRE refutada e questionada.

Sou uma mera artesã da palavra, mas não tenho medo ou preguiça de pensar...


LINK para o MANIFESTO DE GERALD THOMAS:


http://geraldthomasblog.wordpress.com/manifesto/


Recomendo que vasculhem o blog dele como um todo, pois há coisas extraordinárias: vídeos, entrevistas, textos, links, enfim, arte da melhor qualidade. E contestação que, em minha opinião, é a mais bela face da arte.

Abaixo uma cena absolutamente genial do grande Beckett, citado por Thomas em seu Manifesto, em ESPERANDO GODOT:




"PENSAR É TRANSGREDIR!"

Lya Luft

Tela: Rembrandt

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

POSTIGOS LUNARES - SOLOMBRAS -


BRANCA PÁGINA
(à Cecília Meireles)


pauta livre

silêncio
que arquiteta o sonho

pálida
calço meus pés em teus sussurros

viajante

com teus lábios danço

tombo páginas
e me reescrevo luares em claras idades


***

Entre
o fim e o serei
está o é
- flor umedecida d'eus -
desensimesmando-se por viver.


Carmen Sílvia Presotto
in VIDRÁGUAS



Hoje lançamento desse belíssimo livro em Porto Alegre.

Li e RECOMENDO!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

VIDRÁGUAS




Vidro nas águas
queDA lágrimas
postigos corTAM
seMENTES secas
cruas esCORREM
celeiro clanDESTINO
O poema sujo!
Escondido
lufar de versos abrem
folhas nas portas
desdobram letras cansadas
o escuro azul da alma
asas iluminam...
(Para Carmen Sílvia Presotto)

Lou Albergaria
Tela: Vino Morais

terça-feira, 30 de novembro de 2010

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS


“Shoppings” atulhados
Até por quem não acredita na Fábula.
Homens, mulheres e crianças
dentro de um Shopping Center qualquer
Apinhado de gente e produtos à venda.
Um formigueiro de pessoas
Sem a organização da sociedade das formigas.

Somos a Sociedade dos Poetas Mortos
Todos não lidos
Não amados
Não Sentidos.

Tudo agora é Conceito.
Abstrato/Concreto
Dialética do pesadelo
O erro mais certo.

Um amontoado de gente sem rumo,
Sem casa, sem lar, sem afeto.

O abrigo longínquo da alma oculta
Pelo semáforo
Atravessa o sinal vermelho

Mata-se.

A Vida vale muito menos que os arranhões no pára-choque importado.
Não importa, O seguro cobre...

Daqui dois dias chegam os faróis novos
Isso, sim, importa.
-Não quero passar o Reveillon de carro arruinado.

E a Vida do sujeito?!!!

-Que merda! O DVD portátil também estragou



Lou Albergaria

in Pessoas e Esquinas

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SABER LER ALÉM DO "ENTRE AS LINHAS"


Você sabe o que é analfabeto funcional?

A Wikipedia diz o seguinte:

“Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos (...)

Segundo dados de 2005 do IBOPE, no Brasil, o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Somados esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura e da escrita e das operações matemáticas.”

Li esse dado alarmante hoje no FOLHA ON LINE no blog do Colunista ANDRÉ BARCINSKI.

A partir dessa constatação pude compreender muitas coisas realmente 'sinistras' que ocorrem em meus blogs. Muitas vezes, pessoas deixam comentários que absolutamente não apresentam a menor correspondência com o que foi escrito e postado. Chega a ser até muito engraçado, às vezes. (Aquele velhíssimo ditado: "rir para não chorar".)

Outro dia mesmo, acho que semana passada, postei um ensaio que não fazia em nenhum momento qualquer alusão ao preconceito, seja ele de que espécie for; e o primeiro comentário foi alguém refutando com veemência o preconceito, sendo que a "espinha dorsal" do texto era absolutamente outro. Mas isso não foi o mais engraçado, digo, trágico. O que me deixou mais "indignada" foi o segundo comentário que também repugnava brava e heroicamente o preconceito o que me fez crer que tal pessoa nem sequer leu o post. Apenas, a partir do que foi expressado no primeiro comentário, fez o seu.

Entretanto, pode ter acontecido o pior. Tal pessoa leu o texto, às vezes até com atenção, nunca se sabe, milagres também podem ocorrer na blogosfera (por que não?), mas simplesmente "compreendeu" tudo meio atravancado mesmo e enxergou "preconceito" nas entrelinhas, ou o mais triste, entre as linhas.

Essa questão de analfabetismo funcional é bastante sério. Levamos muitas vezes pelo lado da brincadeira, como estou fazendo agora, mas seria bom refletirmos sobre isso, uma vez que as pessoas que dispõem de computadores em casa para poderem manter um blog em atividade constante é no mínimo de classe média. E essa pessoa que, em princípio, denota ter um pouco mais de condições financeiras para obter informação e conhecimento e, ainda assim, não alcança o sentido literal de um texto e, tampouco, consegue interpretá-lo, indo buscar compreensão nas entrelinhas; imaginem, então, alguém que pertence a um estrato social menos favorecido?

É um dado bastante significativo, sim, e muito preocupante. Um país que atualmente é considerado a nona maior economia do Mundo e seus governantes almejam colocá-lo no chamado G-5 - bloco dos cinco países mais desenvolvidos do planeta. Então, há de se pensar - e muito - em investimentos em EDUCAÇÃO.

Assistir ao Mundo por uma tela de "trocentas" polegadas sem compreender, poder interpretar, e mais do que isso, sem conseguir analisar o que se está assistindo, no mínimo, é uma absurda ignorância. Não apenas no sentido do não conhecimento, mas também no sentido da ingenuidade. A falta de conhecimento e discernimento leva-nos a condições sociais, políticas e culturais de absoluta mediocridade, ainda que a ECONOMIA esteja em evolução. Os regimes ditatorias são um bom exemplo disso. Quanto menos conhecimento maior subserviente é a população de um país e mais facilmente engolem os dogmas goela abaixo. (Evito sempre empregar a palavra POVO, pois ideologicamente é uma das mais utilizadas como forma de manipulação. Não é por acaso que quase 100% dos políticos a empregam largamente. Passem a observar isso. Essa compreensão vem do conhecimento adquirido ao longo de minha vida acadêmica e gosto de dividir isso com todos.)

Sou daquelas raras pessoas que efetivamente gostam de dividir o conhecimento adquirido ao longo da vida. Conheço inúmeros 'doutores' que sentem fascinação em reter o conhecimento, talvez para se sentirem "melhores" que os outros, talvez por medo da concorrência, sei lá, o que se passa pelas cabeças e espíritos mesquinhos dessas pessoas.

Alcançar a sabedoria é antes de qualquer coisa, ao meu ver, um ato de bravura. Conseguir romper com velhos estigmas, padrões e dogmas que nos impõem, até mesmo, antes do nascimento, quando ainda estamos no útero de nossas mães, e já nos obrigam a tomar sulfato ferroso com ideologias arcaicas para assim que nascermos já estarmos plenamente controlados e amansados feito um bom 'animal doméstico' é preciso muita coragem.

Afirmo a vocês, humildemente, pois sou consciente de minhas limitações, que meu grande e genuíno "sonho de consumo" é instigar as pessoas a arrancarem essa coleira que muitos ostentam como um colar de brilhantes. E ainda se ajoelham e agradecem por a estarem usando.

De forma alguma, com essa crônica, coloco-me em um patamar mais elevado em relação às demais pessoas. Costumo dizer sempre que o que não sei suplanta em muito o que sei. Entretanto, apresento um requisito que considero fundamental para se alcançar a sabedoria (que não possuo e talvez nunca venha a possuir), mas pelo menos tenho a coragem, mente e espírito abertos para DUVIDAR do que sempre querem nos impor. Pensem sobre isso. Já é um passo. Duvidar é começar a subir o primeiro degrau em busca da verdadeira sabedoria.


Lou Albergaria


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Meus queridos Leitores,
não precisam ter medo de comentar. Não sou tão crítica assim. Também encontro-me no 'mesmo barco' de todos vocês - o humano mortal. A única diferença é que eu tenho a CORAGEM de encarar o bicho de frente e gritar: SÓ SEI QUE NADA SEI. E seguir em frente rumo à morte que o destino de todos nós, só isso. Quanto ao resto, estamos na mesma 'barcaça'....
BEIJOS,
Lu
Em tempo: Sei que meu texto filosófico, muitas vezes, parece arrogante. Infelizmente, é o mal de todo Filósofo. Quando leio NIETZSCHE, por exemplo, tenho vontade de dar um soco na cara dele, apesar de concordar com quase tudo que ele escreve. Mas ele escreve de modo bem arrogante, como todos os outros. Acho que isso ocorre também por conta da empolgação.
Imaginem: você passa uma vida inteira dentro de uma CAVERNA, aí finalmente você toma coragem e sai dela e então ENXERGA "tudo" que antes estava aprisinado em séculos de trevas nos escombros da humanidade. Por conta disso, é muito empolgante mesmo e a gente acaba escrevendo com mais ênfase e parece que estamos GRITANDO. Na verdade, estamos mesmo gritando, mas é por uma boa causa, acreditem. Não queremos ver o ser humano se degradando tanto o tempo todo.
Os últimos acontecimentos no Rio de Jnaeiro só corroboram para o que estou escrevendo aqui.
Peço desculpas, se muitas vezes, escrevo de forma arrogante, mas é porque SONHO e ALMEJO a UNICIDADE. O dia em que todos Nós - humanos e Natureza - seremos uma grande nação de fraternidade e amor, sem algemas ou coleiras, mas por livre consciência.

domingo, 28 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE: O INIMIGO É OUTRO OU SOMOS NÓS MESMOS?


O POST HOJE É NO NOSTÁLGICO ALLSTAR VERMELHO.
Estabeleço um paralelo entre os filmes TROPA DE ELITE 1 e 2 com os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro - a INVASÃO DOS POLICIAIS À VILA CRUZEIRO -.
ACESSEM O LINK ABAIXO:

http://nostalgico-allstar-vermelho.blogspot.com/2010/11/tropa-de-elite-o-inimigo-e-outro-ou.html

Lou Albergaria

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A BOSTA É POP!


Minha poesia não é pra ser recitada em
Saraus ou Academias de Letras.
É pra ser lida, sentida
No fundo do estômago
No útero, no saco escrotal.
Minha poesia vem das ruas
Avenidas encardidas
Lamacentas
Limo, excrementos
Vômitos esverdeados
De quem tem sede de vida.
Minha poesia não é de métrica
Nem rima rica
A pobreza define e alimenta os versos
Tão indigestos que
Dão azia, caganeira
Larica.
Minha poesia é kirsh
Sem cores de Almodóvar
Tudo em preto e branco
Cadelas e cachorros não enxergam colorido.
Minha poesia é pop.
A Bosta é pop!
Todo mundo faz e
Cada qual a sua maneira.
Mais dura ou mais mole
Depende do que se comeu na véspera.
Minha poesia pode ser diluída
Na cerveja, na cachaça
Na garapa vendida na feira e
Mais dois pastéis
bem grandes
que possam caber perplexidade
e espanto.
Minha poesia está sempre indignada
Aterrorizada
Por tanta genialidade óbvia
Que só vive de conceito
Na pia batismal
Sacramentando o egoísmo e a sordidez;
O olhar míngua ao dar nome
ao próprio umbigo.
Minha poesia está sempre de olhos arregalados
Sem dormir a canção de Drummond
Que Me fez acordar para sempre.
Só a criança em Mim dorme
Porque há mais de um século está morta.
Minha poesia é feita do lixo!
Faz desmoronar o planeta insustentável
Empobrecido pelo ser humano
E seu medo de amar.

Meu poema é o dejeto que não se recicla!



Lou Albergaria
in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
OUÇA NA VOZ DE SAULO TAVEIRA:

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O LOBO É O HOMEM DO LOBO


Vida esponjosa
manancial úmida
goteja sólida
selvagem natureza.
O lobo engole o homem
sentida angústia
digere aos gritos o que o sofrimento cala;
no vômito, encontro poucas certezas
quem sou diluiu-se no estômago ácido.

O radar avisa:
Limite de velocidade na próxima curva
-Não posso! Preciso continuar fugindo...
Acabei de atropelar a criança que um dia fui.

O melhor de mim hoje morreu.
Lou Albergaria
in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
Entrevista com FERREIRA GULLAR por Carmen Presotto do VIDRÁGUAS (http://www.vidraguas.com.br/) sobre a POESIA...



A poesia é simplesmente o silêncio que grita tanto em mim
que por isso não me deixa calar, nem adormecer...

Lou Albergaria

domingo, 14 de novembro de 2010

O ALGOZ


O Universo se expande
O ser humano se comprime
Casto e puro
Forasteiro Acorrentado
Desejo de Poder.
Ferido, acuado,
Banido de si mesmo
Seu algoz sanguinário
Nesse momento
Dentro do automóvel
Contínuo movimento
Desesperado barulho
Entre dentes Sem saber
a direção dos ventos
Nem o rumo dos Mundos
Varrendo asfaltos com seu desamparo
Em festas calibradas sorrisos forjados
Fluoxetina, ouro e pó...
Tão triste, tão pequeno, tão só.


Lou Albergaria

in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
Em tempo: Clique na imagem para ler com mais nitidez.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PÓLEN


Queria tanto que o poema
descolasse dessa velha retina
tão cansada de não mais querer ver
o que a alma nem esconde.
Um descampado estéril e fétido
por onde sementes
colibris espalham
na ausência de vento
o pólen jamais fecundado
mas por muito tempo ainda desejado
entre a promessa do ontem
que não se cumpriu
e a esperada derrota
que amanhã tão tarde me aguarda.

Lou Albergaria


***

Que bom poder reencontrar a poesia após tantos dias nebulosos.
Poesia... a minha nóia. Sem ela, mais sensato é morrer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DEUS: UMA INCÓGNITA!


Certa vez uma amiga me disse: “sinto que falta Deus na sua vida, mas respeito suas escolhas.” Ao que respondi: “também respeito essa necessidade de Deus que você possui.”

E a conversa parou por ai, uma vez que DEUS não é assunto para se prolongar muito. É como falar de política ou futebol. Os argumentos, em sua grande maioria, já estão arraigados até à alma (Ânima), então não há como manter um diálogo por tempo muito extenso, sob pena de perdermos até a amizade. Não é à toa que há aquele ditado popular que recomenda jamais discutir sobre política, futebol e religião.

Infelizmente, filósofos não conseguem aceitar recomendações populares tão “sábias” e confesso que já perdi algumas ‘amizades’ por conta de não ter seguido à risca tal preceito.

Em Outubro deste ano, no curso de Filosofia do qual sou aluna, um professor de FILOSOFIA E PSICANÁLISE argumentou com uma lógica aristotélica, refutando veementemente a existência de DEUS e conseguiu provar de forma lógica e racional que DEUS não passa de uma necessidade de eternidade que o ser humano carrega. Necessidade esta em virtude da imaturidade e vontade de ser provido sempre por um tutor – alguém ou algo para gerenciar a Vida e o Mundo – uma vez que a maior parte das pessoas não se sente plenamente CAPAZ e DESENVOLVIDA pessoal, social e ‘espiritualmente’ para tal empreitada. Então, a imensa maioria NECESSITA um GRANDE PAI protetor, justo e misericordioso para, de alguma forma, manter a estabilidade nas relações em sociedade e do Ser com ele mesmo.

Sei que com este post estou literalmente batendo com um pedaço de pau em casa de marimbondo, abelhas, vespas ou em algo até pior, como os fanáticos religiosos. Mas é minha missão, não posso fugir dela. Nasci filósofa, vou morrer filósofa. Morte matada ou morte morrida, não posso precisar ainda, mas morrerei filósofa, isso é fato consumado.

Demorei tanto tempo pra conseguir me enquadrar em uma “profissão” e estava bem no meu nariz o tempo todo. Como disse Quintana em uns versos bastante sugestivos acerca da busca da felicidade:

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Pois bem. Depois de demorar quase duas décadas até finalmente encontrar os óculos na ponta do meu nariz, não posso simplesmente ignorá-los ou inadvertidamente quebrá-los só para não causar constrangimento à sociedade ao levantar questões que considero pertinentes serem discutidas e averiguadas pelo bem da VERDADE. Sócrates, o maior Filósofo de todos os tempos – e bota tempo nisso – já dizia que a suprema felicidade ( ou virtude - arité -) está na verdadeira sabedoria e esta só pode ser alcançada mediante o crivo da razão.

Sim, sei que hoje com toda essa conversa de “inteligência emocional”, a razão vem cada vez mais sendo colocada em xeque. Mas ainda não é XEQUE MATE. Então, enquanto essas questões não forem cabalmente resolvidas e elucidadas, cabe a nós, Filósofos, poetas, escritores ou meros estudiosos e curiosos da condição humana procurar os questionamentos que nos deixem mais próximos do Saber e da Verdade.

Como também disse Quintana em sua genialidade acerca Das Indagações:

A resposta certa, não importa nada:
o essencial é que as perguntas estejam certas.

Decerto muitos de vocês devem ter percebido que, de certa forma, evitei esmiuçar um pouco mais as indagações sobre a existência de Deus com as quais iniciei este artigo. Mas foi proposital. Primeiro, porque quero lançar (por enquanto) apenas a dúvida e a inquietação para que cada indivíduo, cada um em seu tempo, busque as suas perguntas. E segundo e mais importante motivo: não quero perder amigos. Chega. Os bons amigos que tive já se foram: Casaram, mudaram-se e estão tocando suas vidas com bastante temor a Deus, diga-se de passagem. E os maus amigos mandei passear. Quem sabe encontrem a luz no fim do túnel. E nem precisa ser o trem, não sou tão perversa assim. Não por temor a Deus, que nem sinto a necessidade de que realmente exista ( mas se for levar a discussão para o que realmente existe, esse post ficará interminável). Melhor parar por aqui. Depois continuamos essa e outras discussões.

E sem perder bons amigos, por favor.


Lou Albergaria


Desse pedaço de fragmento
eu me amplio
Redefino minha rota
Autopiedade não conduz à saciedade.
Deus não é necessariamente parada obrigatória.
Eu me abasteço de Deus, se quiser.
Ou outro similar qualquer:
Filosofia, Poesia, Amigos,
Pôr-do-Sol
Beijo de Filha, Afeto de Mãe
Homem ou Mulher, Sim ou Não.
A Morte é só um livre-trânsito do Múltiplo arbítrio.
O Ser sem autoflagelação;
Mesmo porque
Eu não me auto-penitencio,
Eu me auto-ejaculo!
Em Tempo: Não tenho nada contra Deus; se Ele existir tanto melhor.

sábado, 30 de outubro de 2010

ALMA AO DIABO


Email que acabei de enviar ao meu amigo e parceiro MÁRCIO NICOLAU do INTERTEXTUAL.


Sábado, 30 de Outubro de 2010 0:29

De: "Lucilany Albergaria Lanna"
Para: "Marcio Almeida Nicolau"

Você viu como a DILMA terminou de falar aos brasileiros?

"Vamos garantir o acesso aos bens materiais da civilização."

É assim, parceiro, que se ganha uma eleição; garantindo o poder de compra, mesmo que seja a sua alma a moeda de troca.

Boa noite! Boa Sorte!

BEIJOS,

Lu

P.S.: Não importa se continuaremos roubando; importa que você vai poder comprar seu carro em 80 vezes e sua tv de plasma ou LCD em 48. Isso sim importa. "... e assim nos tornamos brasileiros... A sua piscina tá cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos, o tempo não para..."

Tela: Adolfo Payés

Vale a pena assistir ao vídeo e depois ao "MAKING OF".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

OS SOBREVIVENTES


A multidão avança contra o sinal verde. A luz nem pisca, tampouco os olhos arregalados em busca de paz. O ambulante anuncia o pão nosso de cada dia que o pai não dá. O filho insatisfeito e contrariado faz birra, esperneia, grita, chora, mas não acha o sonho realizado na roda de liga leve tão pesada que massacra a sola dos pés sem sapatos dados em boa ação no último dízimo em troca de que da próxima vez que os dados forem lançados o pobre fiel tenha mais sorte e ressuscite mais uma vez. Quem sabe um dia chova botas ao invés de granizo? Ao final das contas você é meu melhor freguês! Mas e se os dados estiverem viciados, talvez um livro caia de assalto sob a vigília, olhos vidrados, tentando se lembrar do que não dá pra esquecer. Você ali sentado no meio-fio da navalha sem se arrepender de ter cortado o último fio que ainda o mantinha uma marionete protegida do jugo da lei. A selva de concreto que asfixia, devora o seu melhor pedaço, você um fragmento, em trapos, comprando talvez esparadrapo para remendar uma alma miserável que nem sabe se existe mesmo ou se é só mais uma performance do Mandrake. Daí a pouco o coelho por teimosia sai da cartola e chama Alice para atravessar o espelho, penetrar em teus olhos e te fazer enxergar o que eu não quero mais ver – pessoas se transformando em massa para juntar os tijolos e erguer o muro que as separam da essência de não mais ser -. Estou exausta. Não é nada fácil passar a vida virando massa nessa tentativa desesperada de sobreviver!


Lou Albergaria


“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”
Mário Quintana

“A alma é essa parte da gente que mais dói toda vez que perguntamos se existe mesmo uma alma em nós; sobretudo quando constatamos que falta essa alma no outro e, não raras as vezes, em nós próprios...”
Lou Albergaria