" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

TIRIRICA: O NOVO MACUNAÍMA




Ao receber vários emails hoje condenando a eleição do palhaço Tiririca como deputado federal, veio-me a imagem do personagem MACUNAÍMA.

Macunaíma foi um personagem de Mário de Andrade, ícone do modernismo brasileiro, que personificou o herói sem caráter. Em contraposição ao estilo literário anterior que sempre idealizava os valores dos heróis, o Modernismo foi um movimento que buscava resgatar os símbolos e valores nacionais sem idealizações; aspirava a um retrato mais fiel do Brasil e sua sociedade.

Macunaíma era negro, pobre e analfabeto. Nada mais exato para retratar o nosso país. Para muitos estudiosos da literatura, Macunaíma seria o próprio Brasil, caso um país pudesse ser um personagem.

No meu entendimento, o estimado palhaço TIRIRICA (pelo menos para mais de um milhão de eleitores) nada mais é que o novo Macunaíma desse início de século XXI. Pobre, feio, desdentado e semi-analfabeto. Quer melhor retrato do nosso país? Eu não consigo imaginar outro melhor, quer dizer, pior. E verdadeiro.

Então, não adianta reclamar. Mesmo porque "pior que tá não fica." Será?




Nesta canção no vídeo abaixo Elis enfatiza o verso:

"O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL..."

Realmente Ipanema não é o Brasil. Não é à tôa que o norte/nordeste é reduto do presidente Lula. Onde os índices de analfabetismo e miséria sócio-econômica e política são maiores, o sapo barbudo impera. E mesmo ele não sabendo de nada, eu o admiro como estadista. Sem dúvida uma das figuras mais relevantes na política não só brasileira, mas mundial. Um ex-operário que chega à presidência por dois mandatos e está prestes a eleger sua sucessora - a primeira mulher na presidência do Brasil -. É a melhor candidata? Não sei. Eu votei na Marina Silva. Agora sinceramente não sei em quem votar. Por enquanto apenas assisto ao circo e me alimento com meu pãozinho vitaminado da classe média e espero a morte chegar como todo mundo, "sentada em meu apartamento com a boca escancarada..."

Lou Albergaria



2 comentários:

  1. Não, o Brasil não conhece o Brasil. Nossa democracia é banguela e, nesse contexto, uma legião de desdentados é mesmo nosso reflexo. No entanto (armadilha democrática) o reflexo é também, às vezes, refletor. E aplaudir o palhaço é continuar validando a palhaçada e permitindo que qualquer palhaço de gravata nos governe. Se o Brasil não conhece o Brasil, os brasileiros tem que mostrar sua cara. E ela não só é sem dentes, mas também, vária e sorridente, colorida, feito a Farme, em Ipanema. Se queremos mais que "pão e circo para o povo", precisamos escancarar a boca, antes que ela se escancare e gritar que "a gente não quer só comida."

    Um beijo.

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  2. Márcio,

    A pergunta que não consegue neste instante calar em mim: quando em nossa história não fomos governados por um 'palhaço banguela'?

    Beijo, Meu Rei!

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