" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

MOSAICO POÉTICO


Acho que já cheguei a mencionar em algum post deste blog que minha paixão pelas letras é antiga, muito antiga. Aos 7 anos, quando começou minha alfabetização (na minha época, esse processo só começava nessa idade), não é como hoje, que as crianças já saem da maternidade e vão aprender a decorar o be-a-bá, aliás, um ótimo (?) exercício para a memória, NÃO É MESMO?

Como ia contando, minha paixão pelas letras chega a ser anterior aos 7 anos, pois sou filha e neta de professoras, grandes e talentosas professoras, naquela época eram chamadas mestras, que dedicaram suas vidas a essa profissão tão ingrata, mal remunerada e até difamada socialmente. Quando digo às pessoas que meu tesão é ser professora de Filosofia, muitos se assustam e até me falam indignadas: "com essa sua inteligência, você devia estar estudando é para passar num concurso para Fiscal de Tributos que pague muito bem e não caçar ser professora... lidar com alunos burros e mal educados e ainda ganhar pouco por isso...", essas coisas.

E confesso que no final de julho do ano passado, no exato dia do meu aniversário, dia 27, tive uma baita crise de identidade. Resolvi, num rompante, que minha vida iria tomar um outro rumo, no mínimo, de 180 graus. Ou iria para um cursinho de Concursos para me tornar Auditora Fiscal, ganhar 15, 20 mil reais por mês mais ou menos, ou iria para um cursinho pré-vestibular para retornar à Faculdade de Filosofia e ganhar, com sorte, sei lá, 5 mil reais por mês e olhe lá.

Passei o dia inteiro a meditar, esse glorioso dia 27 de julho de 2009. E pelo meu perfil ao lado, todos já sabem qual foi minha decisão. Hoje estou na FAFICH, cursando o curso da minha vida que é Filosofia com o objetivo fremente e cheio de tesão de tornar-me professora de Filosofia e Excretora de Palavras, que também é outro grande desejo; na verdade, necessidade de alma mesmo. Duvido que alguém em sã consciência vai desejar espontaneamente ser escritor; você nasce com essa sina, essa missão ou carma, sei lá. Ainda não consegui definir, pois nem sequer me considero escritora; sou, sim, uma excretora de palavras e só. E já me atormenta o suficiente.

Entretanto, além disso, amo fotografia!!!! Amo enlouquecidamente mesmo!!! Paro, literalmente, diante de uma boa foto só para apreciar sua angulação, proporção de luz e cores, sombra e imagens, textura e foco; enfim, amo de paixão e tesão, aliás, como tudo que amo em minha vida. Ou é com paixão e tesão ou NÃO É.

Outro dia, fui ardilosamente, enredada a ler um poema que alguns versos diziam exatamente isto (será que a Tulipa psicopata resolveu atacar novamente?!!!): que eu me apaixonei por uma fotografia de um "certo alguém" e, por isso, deixei-me levar por esse sentimento, ao invés de viver um relacionamento verdadeiro com alguém de carne, osso, pélvis, alma e o diabo a quatro.

Pois bem, ocorre que eu amo o subliminar da vida, compreendem? Eu desconfio fortemente que o REAL seja uma mera construção psíquica; cada um vive a sua própria REALIDADE e a SUA CONSTRUÇÃO PSÍQUICA DO QUE É REAL. Sei que parece um pouco Psicologia de butiquim, mas é que depois de quase 3 anos me submetendo a um processo psicoterápico não tem como não aprender pelo menos um pouquinho. É como aquele paciente com câncer que ao fazer quimioterapia, por exemplo, acaba aprendendo algo sobre a própria "doença" e sobre o seu processo de tratamento. Isso me parece óbvio. Penso que muitos já passaram por isso, quando tiveram de enfrentar um tratamento médico ou psíquico. Por isso, não considero tão psicologia de butiquim assim, pois em quase 3 anos dá para se aprender um bocado de coisas...

Quero dizer com esse blá blá blá todo é o seguinte:

Não sou nenhuma psicótica. Não tomo a foto pela pessoa, ok? Amo muito fotografia, filosofia, literatura, poesia e, de alguma forma, quando escrevo, faço esse MOSAICO POÉTICO. Isto é, para deixar bastante claro, misturo fotos com palavras e pessoas e luzes e sombras e gestos e sentimentos e lirismo e mentira e verdade e suposições e projeções e articulações e fluidos corporais e de alma e de memória afetiva de paixão, raiva, tesão, carinho, desejo, asco, nojo, orgasmo........enfim; no fim, nem eu mesma sei o que é "real" ou o que é "inventado" ou o que é simplesmente "arte". A única coisa que sei é que é inclassificável; a minha arte é inclassificável, pois nem sei se é arte e nem quero saber, pois como disse Rilke ao jovem poeta, quem se preocupa em classificar e analisar obras literárias são os críticos e professores de literatura. Eu apenas escrevo e nada mais. E não sei se quero saber muito mais do que isso...

Acho que quero sim talvez saber um pouco mais do que isso: será que vai chover hoje ao sair do trabalho e for para a faculdade?

É que esqueci a sombrinha em casa... junto com a sanidade mental e as certezas acerca de todas as convenções sociais e paradigmas conservadores que eu abomino.

Só isso...Imagino ainda não ser caso para camisa de força; no máximo, no máximo, uma camisa de vênus, nunca se sabe, não é mesmo?!!!


BJS!!!


AMOR e TESÃO SEMPRE!


Lou

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