" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A BOSTA É POP!


Minha poesia não é pra ser recitada em
Saraus ou Academias de Letras.
É pra ser lida, sentida
No fundo do estômago
No útero, no saco escrotal.
Minha poesia vem das ruas
Avenidas encardidas
Lamacentas
Limo, excrementos
Vômitos esverdeados
De quem tem sede de vida.
Minha poesia não é de métrica
Nem rima rica
A pobreza define e alimenta os versos
Tão indigestos que
Dão azia, caganeira
Larica.
Minha poesia é kirsh
Sem cores de Almodóvar
Tudo em preto e branco
Cadelas e cachorros não enxergam colorido.
Minha poesia é pop.
A Bosta é pop!
Todo mundo faz e
Cada qual a sua maneira.
Mais dura ou mais mole
Depende do que se comeu na véspera.
Minha poesia pode ser diluída
Na cerveja, na cachaça
Na garapa vendida na feira e
Mais dois pastéis
bem grandes
que possam caber perplexidade
e espanto.
Minha poesia está sempre indignada
Aterrorizada
Por tanta genialidade óbvia
Que só vive de conceito
Na pia batismal
Sacramentando o egoísmo e a sordidez;
O olhar míngua ao dar nome
ao próprio umbigo.
Minha poesia está sempre de olhos arregalados
Sem dormir a canção de Drummond
Que Me fez acordar para sempre.
Só a criança em Mim dorme
Porque há mais de um século está morta.
Minha poesia é feita do lixo!
Faz desmoronar o planeta insustentável
Empobrecido pelo ser humano
E seu medo de amar.

Meu poema é o dejeto que não se recicla!



Lou Albergaria
in O Cogumelo que Nasce na bosta da Vaca Profana
OUÇA NA VOZ DE SAULO TAVEIRA:

10 comentários:

  1. Lou,
    A sua poesia mexe e remexe. Está viva!

    Beijo :)

    ResponderExcluir
  2. Olha moça que eu adoro demais, vc é imbatível quando se trata de poesia, e quanto a isso dir-te-ei o seguinte:

    Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.

    Beijo(te), quem sabe um dia naquelas montanhas do Cazaquistão ou do Afeganistão, longe de tudo e de todos, rs

    ResponderExcluir
  3. audaciosa poesia que não tem medo do que é abjeto, não joga uma pá de areia na sujeira.

    Li teus versos em voz alta e é como seu eu tivesse escrito.

    Sou assim, tenho coragem e admiro você.

    Repito que sou um outro lado teu. Você é o oposto em que me espelho.

    ResponderExcluir
  4. Falar ou comentar algo de você é como falar de algo alguém de especial, muito especial...
    Beijos

    ResponderExcluir
  5. Menina!
    Dá-me dessa coragem arregaçada!
    Tenho vontade escrever assim, mas que merda de superego, viu?
    Suas palavras me arrancam de meu sono burguês!

    Beijos da Álly!

    ResponderExcluir
  6. Lou,

    Penso como você. Nunca pensei em livros. Troco meus poemas com os amigos, assim como você. Academia, livros, etc. é coisa de mídia e, eu não sei como fazer isso, pois mídia requer a parte financeira. Porque dinheiro, chama mais dinheiro. Eu sei que os grandes escritores mortos têm empresários para divulgar os nomes. E tenho visto muita gente repeti-los nos blogs da Internet.
    Temos pensamentos recíprocos!

    Beijos Lu, Grande amiga!

    ResponderExcluir
  7. Hey moça, essa poesia bateu tão forte que tem presente procê no meu blog.

    Bjão.

    ResponderExcluir
  8. Seu poema hediondo é Augustamente Angelical.
    Marteladas, pedradas, coices e outras pancadas que massageiam a alma.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  9. A sua poesia pode ser tudo.
    Mas é excelente. Gosto dela.
    Um beijo.

    ResponderExcluir
  10. Excelente...carregado de tudo quanto é sensação...muito bom!!

    Beijo..

    ResponderExcluir

Deixa sua SEMENTE aí... Obrigada! BEIJOS!