" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SABER LER ALÉM DO "ENTRE AS LINHAS"


Você sabe o que é analfabeto funcional?

A Wikipedia diz o seguinte:

“Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos (...)

Segundo dados de 2005 do IBOPE, no Brasil, o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Somados esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura e da escrita e das operações matemáticas.”

Li esse dado alarmante hoje no FOLHA ON LINE no blog do Colunista ANDRÉ BARCINSKI.

A partir dessa constatação pude compreender muitas coisas realmente 'sinistras' que ocorrem em meus blogs. Muitas vezes, pessoas deixam comentários que absolutamente não apresentam a menor correspondência com o que foi escrito e postado. Chega a ser até muito engraçado, às vezes. (Aquele velhíssimo ditado: "rir para não chorar".)

Outro dia mesmo, acho que semana passada, postei um ensaio que não fazia em nenhum momento qualquer alusão ao preconceito, seja ele de que espécie for; e o primeiro comentário foi alguém refutando com veemência o preconceito, sendo que a "espinha dorsal" do texto era absolutamente outro. Mas isso não foi o mais engraçado, digo, trágico. O que me deixou mais "indignada" foi o segundo comentário que também repugnava brava e heroicamente o preconceito o que me fez crer que tal pessoa nem sequer leu o post. Apenas, a partir do que foi expressado no primeiro comentário, fez o seu.

Entretanto, pode ter acontecido o pior. Tal pessoa leu o texto, às vezes até com atenção, nunca se sabe, milagres também podem ocorrer na blogosfera (por que não?), mas simplesmente "compreendeu" tudo meio atravancado mesmo e enxergou "preconceito" nas entrelinhas, ou o mais triste, entre as linhas.

Essa questão de analfabetismo funcional é bastante sério. Levamos muitas vezes pelo lado da brincadeira, como estou fazendo agora, mas seria bom refletirmos sobre isso, uma vez que as pessoas que dispõem de computadores em casa para poderem manter um blog em atividade constante é no mínimo de classe média. E essa pessoa que, em princípio, denota ter um pouco mais de condições financeiras para obter informação e conhecimento e, ainda assim, não alcança o sentido literal de um texto e, tampouco, consegue interpretá-lo, indo buscar compreensão nas entrelinhas; imaginem, então, alguém que pertence a um estrato social menos favorecido?

É um dado bastante significativo, sim, e muito preocupante. Um país que atualmente é considerado a nona maior economia do Mundo e seus governantes almejam colocá-lo no chamado G-5 - bloco dos cinco países mais desenvolvidos do planeta. Então, há de se pensar - e muito - em investimentos em EDUCAÇÃO.

Assistir ao Mundo por uma tela de "trocentas" polegadas sem compreender, poder interpretar, e mais do que isso, sem conseguir analisar o que se está assistindo, no mínimo, é uma absurda ignorância. Não apenas no sentido do não conhecimento, mas também no sentido da ingenuidade. A falta de conhecimento e discernimento leva-nos a condições sociais, políticas e culturais de absoluta mediocridade, ainda que a ECONOMIA esteja em evolução. Os regimes ditatorias são um bom exemplo disso. Quanto menos conhecimento maior subserviente é a população de um país e mais facilmente engolem os dogmas goela abaixo. (Evito sempre empregar a palavra POVO, pois ideologicamente é uma das mais utilizadas como forma de manipulação. Não é por acaso que quase 100% dos políticos a empregam largamente. Passem a observar isso. Essa compreensão vem do conhecimento adquirido ao longo de minha vida acadêmica e gosto de dividir isso com todos.)

Sou daquelas raras pessoas que efetivamente gostam de dividir o conhecimento adquirido ao longo da vida. Conheço inúmeros 'doutores' que sentem fascinação em reter o conhecimento, talvez para se sentirem "melhores" que os outros, talvez por medo da concorrência, sei lá, o que se passa pelas cabeças e espíritos mesquinhos dessas pessoas.

Alcançar a sabedoria é antes de qualquer coisa, ao meu ver, um ato de bravura. Conseguir romper com velhos estigmas, padrões e dogmas que nos impõem, até mesmo, antes do nascimento, quando ainda estamos no útero de nossas mães, e já nos obrigam a tomar sulfato ferroso com ideologias arcaicas para assim que nascermos já estarmos plenamente controlados e amansados feito um bom 'animal doméstico' é preciso muita coragem.

Afirmo a vocês, humildemente, pois sou consciente de minhas limitações, que meu grande e genuíno "sonho de consumo" é instigar as pessoas a arrancarem essa coleira que muitos ostentam como um colar de brilhantes. E ainda se ajoelham e agradecem por a estarem usando.

De forma alguma, com essa crônica, coloco-me em um patamar mais elevado em relação às demais pessoas. Costumo dizer sempre que o que não sei suplanta em muito o que sei. Entretanto, apresento um requisito que considero fundamental para se alcançar a sabedoria (que não possuo e talvez nunca venha a possuir), mas pelo menos tenho a coragem, mente e espírito abertos para DUVIDAR do que sempre querem nos impor. Pensem sobre isso. Já é um passo. Duvidar é começar a subir o primeiro degrau em busca da verdadeira sabedoria.


Lou Albergaria


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Meus queridos Leitores,
não precisam ter medo de comentar. Não sou tão crítica assim. Também encontro-me no 'mesmo barco' de todos vocês - o humano mortal. A única diferença é que eu tenho a CORAGEM de encarar o bicho de frente e gritar: SÓ SEI QUE NADA SEI. E seguir em frente rumo à morte que o destino de todos nós, só isso. Quanto ao resto, estamos na mesma 'barcaça'....
BEIJOS,
Lu
Em tempo: Sei que meu texto filosófico, muitas vezes, parece arrogante. Infelizmente, é o mal de todo Filósofo. Quando leio NIETZSCHE, por exemplo, tenho vontade de dar um soco na cara dele, apesar de concordar com quase tudo que ele escreve. Mas ele escreve de modo bem arrogante, como todos os outros. Acho que isso ocorre também por conta da empolgação.
Imaginem: você passa uma vida inteira dentro de uma CAVERNA, aí finalmente você toma coragem e sai dela e então ENXERGA "tudo" que antes estava aprisinado em séculos de trevas nos escombros da humanidade. Por conta disso, é muito empolgante mesmo e a gente acaba escrevendo com mais ênfase e parece que estamos GRITANDO. Na verdade, estamos mesmo gritando, mas é por uma boa causa, acreditem. Não queremos ver o ser humano se degradando tanto o tempo todo.
Os últimos acontecimentos no Rio de Jnaeiro só corroboram para o que estou escrevendo aqui.
Peço desculpas, se muitas vezes, escrevo de forma arrogante, mas é porque SONHO e ALMEJO a UNICIDADE. O dia em que todos Nós - humanos e Natureza - seremos uma grande nação de fraternidade e amor, sem algemas ou coleiras, mas por livre consciência.

5 comentários:

  1. Tão bonito, aconchegante, acolhedor o teu blog, amiga! Passo para deixar beijinhos, e sim, flores e cores, e asas e sementes...

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  2. Analuka para quem não sabe é a grande e extraordinária artista plástica ANA LUISA KAMINSKY. Absolutamente maravilhosa!!!

    Obrigada, Linda, pelo carinho!!!!

    BEIJO GRANDE!!!

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  3. Lu, está patente a sua inquietação quanto à pseudo leitura abraçada à pseudo interpretação. Realmente é um dado alarmante aqui em nosso país (Posso afirmar que a minha realidade é bem mais assustadora). Por outro lado, quero te pedir licença para ressaltar que (ótica minha)a interpretação é algo que às vezes não está apartada da emoção - isso não invalida, em hipótese alguma, a crítica feita por você -, nesse caso aparece então, a 'super interpretação', que está mais a favor do intérprete que do autor. Não sei se concorda comigo (gostaria de saber).
    O seu post aborda uma temática que muito me interessa, por isso me estendi hoje.
    Foi mal. rsrs
    Bjs.

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  4. Jairo,

    Não me referia à interpretação feita pelo leitor. É que não havia nada no texto que pudesse levar àquele entendimento. Ou não...

    Realmente depois que escrevemos um texto ele deixa de nos "pertencer". Isso é absolutamente verdadeiro...

    Muito boa sua intervenção. Talvez eu tenha sido dura demais em minha avaliação.

    Obrigada!

    BEIJÃO!!!!

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  5. Há pseudo-leituras, por preguiça ou limitação. No entanto, mesmo as falsas, são leituras corretas, pois revelam o leitor.

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