
A poesia dói! Olhar o Mundo sem máscaras, véus ou óculos de proteção faz doer não só a retina, mas o senso estético da verdade aflita guardada ou esquecida em fundos falsos de caixas de madeira carcomidas por cupim ou pelos sorrisos sarcásticos, matreiros desses seres medonhos a serviço do blefe.
A poesia é um paradoxo. Ao mesmo tempo em que salva da morte anunciada e prematura, atira-nos no abismo da insanidade. Amar é o ápice da loucura. Quem já se permitiu amar um dia sabe a insensatez que o amor traz em sua compleição. Jung já dizia que amamos aquilo que nos falta. Será talvez por isso que eu ame tanto a mentira velada, mascarada ou até escancarada na alma do outro? Pauto minha vida pela verdade e nela assento minha existência, mas sinto atração fatal pela mentira que o outro me mostra.
Ou talvez o que chamo verdade também seja mentira. Quem sou eu? Quem é essa tal de Lou Albergaria? Existe mesmo tal pessoa? Ou trata-se apenas de mais uma persona...non grata, naturalmente. Ou talvez só mais um login. Digite a senha, por favor, depois aperte a válvula da descarga...
Estou cansada de tantas válvulas de escape. Desisti de escapar de mim. Encarar o nada é necessário. Os espaços vazios que criei entre mim e eu mesma. O vazio que preenche minhas entrelinhas e pesam mais de uma tonelada de algodão bem fino e macio, seco ao sol do meio-dia escaldante e escalpelante feito a conversa entre dois poetas.
É tão estranho ouvir um poeta. As palavras açoitam mais do que sopram e mesmo assim amamos a mentira que ele nos conta.
O poeta menos cáustico tenta apaziguar o caos, dourar a pílula, chupar a pastilha antes para retirar o maior ardido. Depois entrega a pastilha chupada pra humanidade acabar de se fartar.
Mas o poeta depravado e sacana engole a pastilha inteira e só depois de defecá-la oferece o banquete aos homens de boa fé que se lambuzam na pílula dourada da merda do poeta. Refastelam-se, embriagam-se e depois vão fazer a sesta. Descansar para acordar bem cedo no outro dia e começar mais uma vez uma nova semana.
Amanhã é segunda-feira, não se esqueçam. Boa sesta a todos vocês! E bons sonhos!
Lou,
ResponderExcluirUma visão da poesia que é, no mínimo, polémica. Que eu respeito, obviamente.
Sabe, minha amiga, para mim a poesia é aquilo que os leitores depreendem, não aquilo que o poeta escreve. A partir do momento em que o poeta escreve o poema, ele deixa de lhe pertencer, passa a ser pertença de quem o lê. Cada leitor interpreta-o à sua maneira, e é normal haver mil e uma leituras diferentes para as mesmas palavras.
Mas, como disse anteriormente, respeito a sua opinião.
Beijo :)
Gosto de ler você! O assunto me interessa muito. Admiro a Filosofia, a mãe de todas as ciências. Essa razão incrível que ela nos transmite e automaticamente manda a emoção por conta da psicologia. Os psicólogos que se entendam com os comportamentos dos Humanos!
ResponderExcluirPS: — Coloquei sua imagem, elaborada pelo artista Vino lá no Recanto das Letras.
Beijos e Belo início de semana também!
Mais poesia conversando com a tua dura escrita:
ResponderExcluir"(...)
Era quase meio-dia
No lado escuro da vida
(...)
Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre
Nunca chorou sozinha num banheiro sujo
Nem nunca quis ver a face de Deus
Já frequentei grandes festas
Nos endereços mais quentes
Tomei champanhe e cicuta
Com comentários inteligentes
Mais tristes que os de uma puta
(...)
Reparou como os velhos
Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo
E sabem que a vida é bela
Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
(...)"
(Só as mães são felizes - Cazuza e Frejat)
AC, penso que há várias formas de se contar uma história. Há várias maneiras de se lapidar um verso. Com mais crueza ou menos crueza...mais verdade ou menos verdade... Depois o que o leitor fará com isso é problema dele, mas está na mão do escritor a formação de seus leitores.
ResponderExcluirManoel de Barros prefere alfabetizar formigas e besouros. Eu como não possuo tamanha maestria ainda estou brincando de alfabetizar a mim mesma. Pode ser que eu consiga um dia...
Obrigada pela opinião!
Machado e Márcio,
Obrigada pelas valorosas contribuições!
Esse poema do Cazuza é um dos que mais amo e ilustra bem a pastilha com merda a qual me referi no texto. Obrigada Márcio!
BEIJÃO A TODOS!
Pensar dói, sentir dói,
ResponderExcluirser verdadeiro então!
Este mundo é para cênicos e cínicos,
quase não há mais espaço para a poesia,
quase não há mais espaço para nada! O vazio está cheio de pastilhas defecadas ou realidades pré fabricadas,
e a finitude? A morte certa? a obrigação de amar a cada coisa e viver cada dia como se fosse o único? Pensar nisso dói então buscamos resposta na fé,no lexotan nosso de cada dia ou simplesmente mergulhamos na loucura que é estar vivo....( eu particularmente prefiro a última opção...mas dói! rsrs)
Beijos grandes e parabéns pelo blog poético.
A poesia salva minha alma diariamente, se não fosse meu olhar poético perante a vida, minha linda, já teria perecido perante a loucura deste mundo.
ResponderExcluirAxé pra ti.
Eu já acho justamente que esse é o problema dos poetas. Brincar com os sentimentos alheios e nos tratar como baratas. Não sei se eu já comentei contigo, mais eu gosto mais das poesias amadoras do que destes bastardos cheio de renome.
ResponderExcluirQuanto a tua briga interna com a Loba, bom... eu diria que essa birga é o que te faz mostrar o quanto ainda estás viva para a vida e que o conflito intelectual é a tua única arma para não deixá-la te dominar. rsrs... Não a silencie, mais apenas deixe-a ciente de que você a dona da Loba está ciente das mazelas dela. rsrs...
Beijão lindona.
Conde.
É um privilégio te ler, Lu.
ResponderExcluirInteressante como às vezes mentimos para dizer algumas 'verdades' e como algumas 'verdades são apenas mentiras disfarçadas.
Um beijo!
Quero agradecer-lhe, de coração pela composição do “Soneto de Perdão”
ResponderExcluirObrigado pela Homenagem mencionada no blog: http://dialogospoeticosimello.blogspot.com/
Beijos,
Lu
Muito bom seu texto.
ResponderExcluirbjs
Insana
"Ou talvez o que chamo verdade também seja mentira. Quem sou eu? Quem é essa tal de Lou Albergaria? Existe mesmo tal pessoa? Ou trata-se apenas de mais uma persona...non grata, naturalmente. Ou talvez só mais um login. Digite a senha, por favor, depois aperte a válvula da descarga..."
ResponderExcluirdeixo apenas um sorriso..... :)
kiss
Amada Loba.
ResponderExcluir*Estou cansada de tantas válvulas de escape. Desisti de escapar de mim. Encarar o nada é necessário. Os espaços vazios que criei entre mim e eu mesma. O vazio que preenche minhas entrelinhas e pesam mais de uma tonelada de algodão bem fino e macio, seco ao sol do meio-dia escaldante e escalpelante feito a conversa entre dois poetas.*
Mulher, que fantástico. Isso mexeu comigo, profundo!
Adoro seu blog, sempre saio daqui encantada!
Beijos minha querida.
Oi Loba. rsrs...
ResponderExcluirPô... não tem lareira moça. rsrs... Mais não vai faltar calor humano oras. rsrs...
Seja bem vindo a São Lourenço a hora que tu quiser rsrsr...
Beijão.
rsrs me espanto de encontrar uma amiga bem querida por aqui tb!é lindo este teu lugarzinho Lou! que lindo o que escreveste, eu amei profundamente é tocante!vou te seguir aqui tb amo ler-te viu minha amada.
ResponderExcluirPS: Lou olha eu nao mudei o blog nao viu,aquele em que vc visitou de Decoração é um outro,mas continuo com os de Poesias enfim os outros tb estão lá,só estou descansando esta semana dele para passear aqui entre uns e outros blogs e acabei te descobrindo neste lindo e encantador espaço! minha amiga querida te voglio bene!
bju bju bju...
fatti___