" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

AVATAR: A RESSURREIÇÃO PARA DENTRO DE SI MESMO


Outro dia sem querer, vasculhando pelo google afora fiquei sabendo, por acaso, que AVATAR quer dizer etmologicamente RESSURREIÇÃO.
IMEDIATAMENTE TODO O FILME AO QUAL HAVIA ASSISTIDO HÁ MAIS OU MENOS UMA SEMANA COMEÇOU A FAZER TODO O SENTIDO PARA MIM. FOI COMO ENCONTRAR UMA DAS PEÇAS PRINCIPAIS DO ENIGMÁTICO QUEBRA-CABEÇAS.
O enredo é muito bem sacado, mais uma obra de inteligência do ótimo James Cameron (o mesmo de Titanic, lembram-se?).
Alguém que enquanto dorme, acorda no planeta PANDORA com a missão ultra-secreta e imperialista de dominar toda a civilização daquele planeta a fim de explorar um mineral muito precioso utilizado como fonte de energia e, por isso, imprescindível para a continuação de um certo planetinha de nome Terra devido ao esgotamento desse recurso mineral no tal planetinha azul.
Aí começa o drama épico e ético vivido pelo personagem principal, um ex-combatente do Exército ferido, que necessita de uma cadeira de rodas para se locomover - mas quando "acorda" em PANDORA recupera a locomoção e o vigor físico - ao ser indicado para a missão: acordar nesse planeta e recolher o maior número de informações que possibilitem a invasão desse planeta e a subjugação de sua civilização para em seguida começar a exploração e o saqueamento. Na mesma hora lembrei-me dos Incas e Astecas( estranha coincidência...).
Até aí, tudo bem, nada de novidade; a história da humanidade revela-nos inúmeros exemplos desde os seus primórdios há milhões de anos até os dias atuais. O tão assombroso DARWINISMO SOCIAL (uma cultura que se julga mais desenvolvida e superior à outra e, então, sente-se no direito inequívoco de dominá-la, explorá-la e subjugá-la; e dali retirar seus recursos materiais e humanos sob a forma de exploração e escravidão).Normal. Normal??? Bom, deixa prá lá, quer dizer, prá depois...
A impressão até agora é que se trata de mais um filme como tantas dezenas ou centenas de outros que retratam a eterna luta entre os "yankees" e os nativos. Nada de extraordinário.

O diferencial em AVATAR é a viagem psicológica que proporciona inúmeras interpretações o que valoriza a película, não apenas tecnicamente, mas saímos do Cinema com uma sensação estranha; a pipoca com sabor de dúvidas e perguntas é mais difícil de ser saboreada, mas não menos deliciosa ou prazerosa.

Por que AVATAR? Por que Ressurreição?
Onde fica Pandora? Em outra galáxia ou dentro de nós mesmos, em nosso Inconsciente?

Onde está a Realidade: no Consciente ou no Inconsciente?
Onde habita a verdade de cada um: quando vivemos a magia de um sonho ou o horror de um pesadelo?
Ou quando estamos de olhos arregalados nesta sociedade que chamamos REALIDADE, mas que nos foi imposta culturalmente ainda em nossa fase embrionária no útero de nossa prestimosa mãezinha?

AVATAR é acachapante porque é a RESSURREIÇÃO PARA DENTRO DE VOCÊ MESMO. É você se perguntando o tempo todo o que é real; o que é fantasia ou ilusão; o que é manipulação; sedução; prazer em exterminar; prazer em amar e preservar...

Quando estamos ACORDADOS? E quando estamos DORMINDO?!!

Estamos acordados quando amamos ou quando destruimos?!!!

Onde encontrar PANDORA?

Um planeta onde todos os seres se harmonizam e são ligados pela linha invisível do espírito da preservação sustentável e da justiça. A consciência absoluta da UNICIDADE...

Eu poderia parar por aqui que já estaria de bom tamanho. Entretanto,, quando saía do Cinema com minha filha Isadora (quase mais uma coincidência) e meu sobrinho Gabriel, ambos com 8 anos naquele dia,ele me fez a sublime pergunta, além de todas que já estavam fervilhando na minha cabeça,ele me deu essa saideira:

"Então, tia, se a gente morrer enquanto estiver sonhando, a gente fica preso dentro do sonho?"

Na hora, depois de um profundo suspiro, só pude responder:

"Biel, essa é uma boa pergunta para se levar para uma aula de Filosofia..."

Talvez, um dia, eu alcance essa resposta.

O foda é que pro Filósofo a resposta pouco importa. O tesão está é na viagem para encontrá-la.

E isso está muito além do bem e do mal, como diria um certo bigodudo de olhos esbugalhados do final do séc. XIX...

Um comentário:

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