" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Por que só as mães virtuosas são felizes?


Ontem eu e minha filha de 8 anos fomos a uma festa de aniversário de 1 aninho da caçula de uma antiga amiga dos últimos 20 anos que hoje é mãe de um lindo casal de crianças.

Estranho como o tempo transcorre dentro de nós de forma tão diversificada para cada pessoa.

Alguns envelhecem ao contrário; como Benjamim Button: tornam-se ainda mais jovens, rebeldes e sonhadores do que antes, enquanto outros, deixam-se recrudecer pelo convencionalismo do tempo e do estado civil.

Foi com muito pesar que vi minha amiga, dois anos mais nova que eu, no tempo cronológico, e tão mais velha, no tempo poético da essência.

Uma simples mudança de estado civil há quase quatro anos a transformou em uma "matrona italiana" que oferece os peitos aos filhos, deixando sua integridade diluir-se junto com o leite a serem absorvidos por suas crianças. A maternidade dando-lhe uma outra conformação de personalidade e atitudes.

Será que não é possível ser esposa, mãe e também manter a própria individualidade intocada, inviolada, não corrompida?

Eu amo minha filha inesgotavelmente, mas não consigo abdicar de quem sou; da minha verdadeira essência.

Filhos são seres supremos que nos complementam e nos transformam, sem dúvida, mas será mesmo necessária essa dominação absoluta sobre nossos desejos, expectativas diante da vida, do mundo e, sobretudo, em relação à nós mesmas?

Onde começa o desejo do filho e termina o desejo da mãe? Ou o desejo do filho deve terminar exatamente onde começa o desejo da mãe?
Não pode ser possível acaso estabelecer um paralelo harmonioso em que esses desejos não estabeleçam uma competição,mas, ao contrário, possam se complementar e evoluir juntos, sem a necessidade de anulação ou renúncia, principalmente da mãe em relação ao filho?

São apenas reflexões e indagações. Eu mesma particularmente convivo com minhas culpas e incertezas em relação a minha própria filha; por isso não me sinto na qualidade de "farol" a iluminar o caminho a ser seguido. É exatamente o oposto disso: também estou em busca do melhor caminho. E é bem provável que cada pessoa, devido a suas próprias experiências e histórias de vida, apresentem caminhos diferenciados e bastante singulares que dizem respeito apenas a si mesmas.

Apenas quis compartilhar esta constatação que fiz na festa: algumas fêmeas preferem ser mães e esposas a mulheres. Será mesmo tão incompatível assim em nossa sociedade sul-americana, machista e reacionária, uma fêmea ser mãe, esposa, mulher desejosa de vida, diversão, aventura e também felicidade?

"Por que só as mães são felizes?"

Ou ainda pior: Por que só as mães virtuosas são felizes?!!!


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