" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

sábado, 20 de março de 2010

FRÁGIL E LIVRE COMO UMA BOLHA DE SABÃO


Desde os meus 13 anos o meu grande desejo era me tornar escritora.

Janete Clair foi a minha primeira grande inspiração. Amava suas novelas! E até hoje as considero AS MELHORES DE TODOS OS TEMPOS, desde o início da produção de telenovelas no Brasil.

Entretanto, mesmo sentindo um extremo fascínio pela literatura e pela escrita, sempre considerei como algo inalcançável para mim. Comparava-me aos grandes mestres o tempo todo, e claro, sentia-me inferiorizada, a autoestima ia parar na sola do pé.
Então, fui adiando "ad aeternum" esse desejo, esse sonho, essa missão...
Até que por volta dos 19, 20 anos , não foi mais possível conter aquela "represa", principalmente depois de ler THIAGO DE MELLO e ROBERTO FREIRE. Aí o dique se rompeu de vez e as palavras começaram a jorrar desesperadamente, inundando tudo em volta e dentro de mim; mas, ainda assim, de forma tímida e temerosa.

Escrever é um ato de exposição explícita da alma. É dilacerante. Não consideraria exagero dizer que beira o sadomasoquismo; pois, ao mesmo tempo que é uma necessidade vital que traz um enorme prazer, também traz dor, desequilíbrio, exaustão de alma.

Quando termina-se um texto ou um poema é como se nos esvaziássemos naquele instante para poder irmos em busca de mais conteúdo. Mas aquele ATO DE ESVAZIAR-SE é muito doloroso, cruel, angustiante...e muitas das vezes nem sequer somos compreendidos. Na imensa totalidade das vezes, somos apenas interpretados e nem sempre da forma mais delicada e verdadeira.

Outro dia uma amiga disse-me que não gostou muito do meu texto da LEILA DINIZ, dizendo que exagerei no meu julgamento em relação às mulheres. E também acrescentou que se sentiu meio receosa de postar um comentário, pois eu poderia não gostar da crítica.

Disse a ela que é muito pelo contrário; as opiniões antagônicas me expandem, me somam, acrescentam. Não tenho medo ou pudor em relação às críticas. De forma alguma. Tanto é que configurei meu blog para que até anonimamente pessoas possam postar seus comentários e todos serão aceitos, pois considero isso um dos princípios mais sagrados e que norteiam de forma incondicional a minha vida que é o PRINCÍPIO DA AMPLA E IRRESTRITA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Assim como tenho o pleno direito de escrever minhas ideias e defender opiniões que considero importantes para a evolução de nossa sociedade e de todos nós, individualmente, acredito, com veemência, que o leitor também possui o mesmo direito e deve exercê-lo para que possamos construir um mundo mais democrático e tolerante em relação aos antagonismos.

Nas minhas andanças por aí, o que mais percebo são pessoas querendo impôr obstinadamente o SEU MODO DE COMPREENDER O MUNDO E A VIDA. Como se esse "MUNDO VASTO MUNDO" pudesse ser aprisionado em uma bolha de sabão.
Sim, pois uma opinião é tão somente uma bolha de sabão, devido a sua fragilidade e inconstância. E , sinceramente, penso que é assim que deve ser. Opiniões cristalizadas,arraigadas, amadurecidas demais tendem a putrefação.

O que mantém o frescor e a vitalidade dos pensamentos, dos sentimentos e das relações sociais adveem dessa interação, acredito eu. É justamente dessa troca que se estabelece entre as pessoas de diferentes crenças, cultura, formação intelectual e moral, que não só ampliam o nosso espaço social no qual estamos inseridos e a forma como o assimilamos, bem como o nosso próprio desenvolvimento pessoal,seja intelectual, humano ou afetivo.

Devo advertir que divergências me ampliam. O meu pensamento é absolutamente aberto e volátil. Não há verdades cristalizadas em mim.

Sou um Ser absolutamente livre, leve e solto como uma bolha de sabão, sobre a qual escreveu tão bem a fascinante Lygia Fagundes Telles.

Bolhas de sabão são frágeis, é verdade, mas são soltas, desprendidas, se deixam enlevar, fascinam e se deixam fascinar; se permitem o desconhecido, a aventura, o caminho nunca antes percorrido... Perder essa leveza no espírito e no intelecto é um empobrecimento e um desperdício.

Cristais são belos para ornamentarem rios, casas, pescoços, dedos, mas não a alma; a alma deve ser fluida, livre, aliciada pelo vento até o dia que se rompe, como tudo nessa vida.

Mas antes de estourar, creio eu, uma bolha de sabão deve ter experimentado tudo que tenha desejado ou precisado experimentar, senão, me desculpem, não terá valido o sopro que a fez existir.

A existência tem um sentido! Mas não uma direção previamente definida e estipulada por nenhum dogma ou doutrina. Devemos ser livres para nossas escolhas. Até mesmo para sermos um cristal. Respeito quem fez tal escolha (seja por medo,necessidade de segurança, ou qualquer que seja o motivo, que, aliás, não é da minha conta); mas eu escolhi ser uma BOLHA DE SABÃO, então,o mínimo que espero é a retribuição do respeito e da tolerância. Apenas isso.

Verdades consolidadas e cristalizadas são verdades aprisionadas.

Prefiro correr sempre o risco da dúvida, da liberdade e da incerteza, mesmo que implique "estourar" ao primeiro contato com um material mais inóspito. Mas ficar aprisionada dentro de um cristal(com essa falsa sensação de segurança) não é minha meta de vida; seria muito sacrifício.

Gosto de encarar a fragilidade de frente, mas aproveitando cada segundo de amparo e aventura que o vento me proporciona.

VIVER É BREVE! ENTÃO PRECISA VALER O SOPRO DO VENTO E O CALOR DO SOL SOBRE A PELE; senão terá sido apenas um esboço de vida, ou pior, uma vida não sentida,não experimentada, não vivida...

VIVER FAZ BEM E É NECESSÁRIO ATÉ CHEGAR A HORA DE ESTOURAR...

Será que é mesmo melhor apodrecer dentro de uma pedra antes até de se ter morrido?!!!


Lou

Um comentário:

  1. Nossa, que texto.. Muito bem escrito, muito bem colocado e um bom tema para se discutir. Mas enfim, vi que seguiu meu blog... Muito obrigada, espero que sempre acompanhe os posts :D

    Beijão

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